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Troféu Angelo Agostini

37ª edição do Troféu Angelo Agostini no YouTube

Domingo, 27/03/22, a partir das 16h00. Em mais uma comemoração do Dia do Quadrinho Nacional faremos a premiação com um ano de atraso. Os melhores de 2020 teriam sido premiados em 2021, devido aos atrasos que tivemos por conta da pandemia o evento só irá acontecer agora em 2022.

Agradecemos a todos que colaboraram no processo, propagandearam e votaram em seus preferidos nas categorias lançamento, lançamento independente, lançamento infantil, roteirista, desenhista, colorista, cartunista (chargista/caricaturista), prêmio Jayme Cortez, mestre do #quadrinho nacional (com troféu especial ao mestre Haroldo George Gepp – in memoriam)…

Para assistir à premiação e curtir esta festa é só clicar no link abaixo ou entrar aqui em nossa página do FB. https://www.youtube.com/channel/UCDAl-y4yjn0Ogx-NxlZ6GpA https://www.facebook.com/aqcsp

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Troféu Angelo Agostini

Troféu Angelo Agostini na TVT

Falando sobre o 37º Troféu Angelo Agostini…

Rose Araujo (premiada na categoria melhor Quadrinho independente 2020) e Marcos Venceslau (da diretoria da AQC e da organização do #TroféuAngeloAgostini) serão entrevistados quarta-feira (23/03) às 8h30 da manhã por Marilu Cabañas no Jornal Brasil Atual da Rede TVT e Rede Brasil Atual (FM 98,9 na Grande São Paulo, FM 93,3 no litoral paulista e FM 102,7 no noroeste de SP).

O programa pode ser assistido pelo link abaixo ao vivo, ou posteriormente, já que os programas ficam postados no Canal do Youtube. https://www.youtube.com/c/redetvt

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Troféu Angelo Agostini

Vencedores da 37ª edição do Troféu Angelo Agostini

A Associação de Quadrinhistas e Caricaturistas do Estado de São Paulo (AQC-ESP) vem comunicar os vencedores do 37ª Troféu Angelo Agostini, a mais tradicional premiação brasileira dedicada aos quadrinhos.

Devido à pandemia de COVID-19, que provocou um atraso na edição anterior do evento e com isso medidas de emergência. Na primeira fase da votação deste ano a equipe da organização escolheu os Dez indicados para a segunda fase de votação pública para o Trofeú Angelo Agostini. Lembrando que nesta edição são premiados as produções nacionais de quadrinhos de 2020.

Um destaque desta edição é a presença de mulheres entre vencedores de sete das 11 categorias do prêmio, quebrando o recorde ocorrido em 2019, quando seis categorias premiaram mulheres.

Confira abaixo a lista dos ganhadores da 37ª edição da premiação:

LANÇAMENTO

Apagão: Fruto Proibido (Raphael Fernandes, Abel e Fabi Marques)

https://editoradraco.com/produto/apagao-fruto-proibido/

LANÇAMENTO INDEPENDENTE

Quarentena em Quadrinhos (Rose Araújo)

https://www.loja.rosearaujo.com/quarentena-em-quadrinhos

LANÇAMENTO INFANTIL

Jeremias: Alma (Rafael Calça e Jefferson Costa)

https://fanzine.com.br/jeremias-alma-rafael-calca-e-jefferson-costa/

FANZINE

Peibê nº 7 (Fanzinoteca IFF Macaé – Editor: Alberto de Souza)

https://www.marcadefantasia.com/revistas/ifanzine/edicoes/peibe/peibe7/peibe7.html

WEB QUADRINHO

Téo & o Mini Mundo (Caetano Cury)

https://www.teoeominimundo.com.br/

ROTEIRISTA

Mary Cagnin (Bittersweet)

https://marycagnin.com/publicacoes/bittersweet/

DESENHISTA

Laura Athayde (Aconteceu Comigo: Histórias de Mulheres Reais em Quadrinhos)

https://www.balaoeditorial.com.br/aconteceu-comigo

COLORISTA

Fabi Marques (Apagão: Fruto Proibido)

https://lojamonstra.com.br/autor/fabi-marques/

CARTUNISTA-CHARGISTA-CARICATURISTA

Nando Motta

https://www.facebook.com/desenhosdonando

PRÊMIO JAYME CORTEZ (contribuição ao Quadrinho nacional)

Revista Mina de HQ

https://minadehq.com.br/

MESTRES DO QUADRINHO NACIONAL

Anita Costa Prado

http://www.marcadefantasia.com/albuns/dastiras/katita/katita.htm

Edgar Franco

https://www.facebook.com/Oidicius

Edgar Vasques

https://www.extraclasse.org.br/humor/2022/03/rango-176/

Renato Aroeira

https://www.facebook.com/aroeira1

A cerimônia de premiação acontecerá de forma online, no dia 27 de março de 2022 às 16hs, com a presença dos premiados e da equipe da organização do Troféu Angelo Agostini. Será transmitido pelo Youtube da AQC-ESP no link:

https://www.youtube.com/channel/UCDAl-y4yjn0Ogx-NxlZ6GpA

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AQC entrevista Marcos Venceslau sobre Henfil

Esta série de entrevistas foi uma iniciativa da AQC em apoio ao livro “Sick da Vida”, coletânea de entrevistas do cartunista Henfil organizadas pelo quadrinhista, jornalista, escritor e biógrafo Gonçalo Silva Junior. O livro foi lançado com sucesso na plataforma Catarse pela Editora Noir, recebeu 235 apoios e ultrapassou a meta para publicação em quase 50%, atingindo 147% e comprovando que as ideias do cartunista Henfil propagadas em suas entrevistas continuam sendo atuais e esclarecedoras. A AQC se sente orgulhosa em ter apoiado uma iniciativa tão incrível e necessária.https://www.catarse.me/henfil

1. Como você conheceu o trabalho do Henfil? Lembra da ocasião (onde, quem apresentou e qual era a revista ou jornal)?

Conheci os desenhos do Henfil, por jornal da época, era moleque/adoslescente na década de 70 e aparecia em casa e na faculdade alguns jornais alternativos da resistência a ditadura. Acho que já era o Pasquim.

2. Qual foi o impacto?

Como já gostava muito de apreciar desenhos e também rabiscava os meus, dava mais atenção as imagens, mas achava estranho desenhos com falas e mensagens que nem sempre eu entendia. Quando conheci o trabalho do Henfil, sem saber ou registrar quem era, no início achei muito estranho os desenhos soltos com textos soltos, mas achava os desenhos curiosos e me divertia com as falas, mesmo só entendendo tudo somente alguns anos depois.

3. O que chamou mais atenção: o humor escrito, as gags visuais ou o traço?

Me chamava a atenção os desenhos com pouco traço e com muita expressividade, personagens do Brasil e quando entendia, ria dos textos, mas que me faziam pensar nas cenas de uma realidade nordestina misturada e realidade do Brasil daquela época.

4. Seu trabalho teve influência direta?

Não! Na época só desenhava escondido como diversão, iniciando por desenhos abstratos coloridos. Gostava muito dos cartuns que tinham muitos personagens em cenas bizarras e divertidas. Depois me interessei mais por desenho em quadrinhos com traço simples, mas bom acabamento. O traço figurativo pra mim foi um interesse e coragem de desenvolver, anos depois já como profissional da área. Hoje faço muitos trabalhos buscando o traço! Não sei se foi realmente influência do Henfil, mas com certeza fez eu admirar mais ainda o trabalho dele!

5. Qual foi a impacto dos Quadrinhos e Charges do Henfil na esquerda? E entre seus amigos?

Lembro-me que os traços do Henfil sempre apareciam e eram referência e admiração de todos os adultos a minha volta envolvidos direta ou indiretamente com o movimento da esquerda! Mas não tinha essa conversa com os amigos.

6. Acompanhava as entrevistas do Henfil na Imprensa? Teve alguma que lhe marcou? Porquê?

Normalmente via essas revistas e jornais pois apareciam em casa e nos lugares que frequentava, não era uma busca e não acompanhava com frequência!

7. O que achou da iniciativa da Editora Noir em reunir estas entrevistas em um livro? Que efeito acha que este livro terá em você e nos demais leitores?

Achei a iniciativa excelente, pois devemos sempre valorizar o grande artista, crítico político que foi o Henfil, focando sempre na mensagem com traço firme e personagens curiosos. Faz parte da nossa história, e acho que essas entrevistas vão trazer partes da história de cada um que compõem a história da época, compondo até uma história ou histórias políticas e social paralelas. Acho que deve ser bem cuidado a forma de editar esse livro para não ficar maçante e desinteressante pequenas entrevistas separadas ao acaso!

8. Henfil era um profissional multimídia, atuando na TV e no Cinema. O que achou das produções do cartunista em TV Home e Tanga, deu no New York Times?

De verdade vi umas animações soltas aqui e ali, mas sempre gostei muito do traço virar essa animação simples e de fácil leitura, onde na verdade a mensagem que era o mais importante!

9. Pra você, qual é o tamanho da falta que Henfil faz?

Fui conhecer melhor ao longo dos anos e ainda conhecendo todo o contexto da participação dele na resistência. Acredito que se ele vivesse mais teria dado um impacto maior na política de resistência. Sem desmerecer muitos outros artistas bons e importantes para todo esse contexto como, Jaguar, Ziraldo, Nilson e tantos outros.

10. As novas gerações conhecem pouco do trabalho do Henfil. Apesar de uma exposição de originais no Centro Cultural Banco do Brasil (2005) no Rio e em SP ter tido público recorde na época. O que fazer pra melhorar isso? O livro organizado pelo Gonçalo Jr pode ajudar?

Sim, acho que toda manifestação e divulgação positiva pode ser importante, mas conhecendo um pouco do trabalho dele, acredito que deve ser um livro misturando textos e desenhos se intercalando e se unindo para contar a história da época!

11. O Brasil hoje está ‘sick da vida’ com tantos ataques à democracia, à inclusão social, racial e de gênero, à distribuição de renda? Ou a coisa precisa piorar mais pro povo reagir?

Muito difícil saber qual a solução! Vejo no geral o povo anárquico em questão de política, precisa muito ainda para gerar uma reação política decente e organizada, somos um Brasil criados e mantidos por bandidos, é isso que o povo aprendeu e sabe! Tomar para ter, enquanto deveria ser conquistar para consolidar!

12. Como Henfil estaria reagindo à sanha fascista, totalitária e anti-democrática que abocanhou os três poderes?

Meu palpite bem vago, acho que ele estaria nas ruas, indignado com tudo isso e com a política de esquerda! Ou talvez a presença dele e de muitos que morreram na época não tivesse deixado chegar onde estamos!

13. Henfil foi um dos fundadores do PT, que se propunha a transformar radicalmente a sociedade. Esta décima terceira pergunta é o espaço pra suas considerações, não finais, mas futuristas. É possível ainda transformar o país de forma radical? O humor entra nisso?

Estava na fundação do PT na ala jovem, muito sonho e esperança, íamos nas ruas com orgulho e coragem sem titubear! A política era um pouco mais limpa e definida nas idealizações! Hoje, o PT se desviou da proposta e caminho inicial, tudo se misturou, está emaranhado as ideias sem terem clareza de muita coisa. Acho que a única solução seria um governo atuante de esquerda sem conchavos e fazer uma transformação radical para o povo! Mas não acredito nisso aqui no Brasil, de um povo acomodado e avesso as mudanças, um povo desinformado e reclamação! Enfim… seguimos na luta pela educação e cultura!!

QUEM É MARCOS VENCESLAU

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Troféu Angelo Agostini

Votação 37º Troféu Angelo Agostini

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Eventos Revista Pirralha

“Vacina Salva” exposição de charges, cartuns, tiras e quadrinhos da AQC-ESP e revista Pirralha

Flavio Roberto Mota – Bauru (SP)

https://www.facebook.com/flaviormota

Paulo Batista – SP

https://www.facebook.com/artepbatista

Milton de Faria – RJ

https://www.facebook.com/faria.miltonde.5

André Brown – RJ

http://oficinadedesenhoandrebrown.blogspot.com/

Thiago Lucas – Recife (PE)

https://www.facebook.com/thiagolucasarte

Rodrigo Brum – Natal (RN)

https://www.facebook.com/rabiscosdobrum Instagram: @rabiscosdobrum https://twitter.com/Brummmmm

Paulo Roberto de Lima (Paulo Capilé) – Campinas (SP)

https://www.facebook.com/pauloroberto.delima.58

Guto Camargo – SP

http://gibinanet.jor.br/

Regi Munhoz – S. Bernardo (SP)

https://www.facebook.com/regiane.munhoz.5

Cacinho Jr – Juiz de Fora (MG)

https://www.facebook.com/cacinho.anima

OG Gil (Magrão) – Brasília

og.gil@hotmail.com https://www.facebook.com/og.gil.50

Gisele Henriques – RJ

https://www.facebook.com/Giselehenriques

Kiko Garcia – SP

http://kikomics.tumblr.com www.kikogarcia.com.br www.kikomics.com.br

Bira Dantas – Campinas (SP)

https://www.facebook.com/biradantascartunista https://www.instagram.com/bira.dantas.5/

André Barroso – Niterói (RJ)

https://www.facebook.com/andre.l.barroso

Flavio Soares – SP

https://flaviosoarez.myportfolio.com/

Instagram:

@realflaviosoares @avidacomlogan

Joe Bonfim – Vars, Provence-Alpes-Cote D’Azur (França)

https://www.facebook.com/profile.php?id=100013578161977 https://www.pinterest.fr/JoeVanBon/

Renan Yamasaki – Rio Claro (SP)

https://www.facebook.com/renan.yamasaki https://www.instagram.com/renyamasaki/

André Placitte – SP

https://www.facebook.com/placitte https://www.instagram.com/placitte/

Donga (Ricardo Freitas) – Rio Grande (RS)

freitas57@gmail.com www.dongadesenhos.blogspot.com

Adnael – Maceió (AL)

https://www.facebook.com/adnael https://www.facebook.com/adnaeldaaz https://www.instagram.com/adnael_art/

Santiago (Neltair Abreu) – Porto Alegre (RS)

https://www.instagram.com/cartunista_santiago/ https://www.facebook.com/santiago.neltairabreu

Marcos Venceslau – SP

https://www.facebook.com/MarcosVenceslau

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Eventos

Expo Vacina Salva

A AQC-ESP – Associação dos Quadrinhistas e caricaturistas do Estado de São Paulo e Revista Pirralha convocam todos os artistas a participarem da

EXPOSIÇÃO VIRTUAL “VACINA SALVA”

Envie charge, cartum, tira ou página em Quadrinhos. Queremos, através do humor, fazer as pessoas refletirem sobre a importância da Ciência em nossa sobrevivência e até… fazer rir.

É mais uma atividade em homenagem ao Dia do Quadrinho Nacional. Pode ter conteúdo político, social, cotidiano ou o que achar melhor. Só não aceitaremos artes que reforcem preconceito ou negacionismo.

As artes precisam ser de página única em 300dpi.

Enviar até o dia 06/02/2022 para os emails:

trofeuangeloagostini@gmail.com e biradantas2000@yahoo.com.br

Os trabalhos serão expostos no Blog, site e redes sociais da AQC e da Revista Pirralha.

Nos links: http://aqcsp.blogspot.com , no site https://revistapirralha.com.br/ e nas páginas: https://www.facebook.com/aqcsp https://www.facebook.com/RevistaPirralha e https://www.instagram.com/revistapirralha/. Venha participar conosco!!

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AQC entrevista: Daniel Saks sobre Henfil

Esta série de entrevistas foi uma iniciativa da AQC em apoio ao livro “Sick da Vida”, coletânea de entrevistas do cartunista Henfil organizadas pelo quadrinhista, jornalista, escritor e biógrafo Gonçalo Silva Junior. O livro foi lançado com sucesso na plataforma Catarse pela Editora Noir, recebeu 235 apoios e ultrapassou a meta para publicação em quase 50%, atingindo 147% e comprovando que as ideias do cartunista Henfil propagadas em suas entrevistas continuam sendo atuais e esclarecedoras. A AQC se sente orgulhosa em ter apoiado uma iniciativa tão incrível e necessária.https://www.catarse.me/henfil

1. Como você conheceu o trabalho do Henfil? Lembra da ocasião (onde, quem apresentou e qual era a revista ou jornal)?

Lembro claramente da primeira vez que ouvi falar do Henfil. Infelizmente foi no Jornal Hoje na televisão quando noticiaram sua morte. Quatro coisas me chamaram a atenção particularmente: 1. Eu estava com quase treze anos de idade, já lia quadrinhos há pelo menos seis, e colecionava havia exatos dois. Na época, embora já leitor da Chiclete com Banana, onde certamente ele devia ter sido citado, me surpreendi por noticiarem um cartunista que eu não conhecia pelo nome, e que era importante para ser noticiado na Globo. 2. Achei um barato o jogo de sílabas iniciais para formar o nome artístico. Pensei comigo mesmo: “Como eu nunca pensei numa ideia dessas!?”. 3. No noticiário (que depois passou a noite também no Jornal Nacional) mostravam em close o Henfil fazendo caretas sorridentes, percebi que ali estava um artista provocador, sarcástico. 4. Notei que a notícia teve algum impacto nos meus padrinhos (estava na casa deles na hora que passou a notícia). A primeira vez que li material do Henfil foi na escola com alguns colegas no final do mesmo semestre, eram umas tiras em que o Fradim saia falando que amava o Figueiredo, e na época eu achava engraçado, mesmo sem entender a ironia que ele queria expor (não sei se ainda hoje teria a sagacidade de compreender integralmente). Alguns meses depois li na revista Geraldão que o Glauco o homenageou, me pareceu mais provocador (já não era mais tempo de ser chamado de subversivo) do que eu já sabia que era.

2. Qual foi o impacto?

Como respondi antes, já tinha certeza de que não entendi o que li incialmente. Aos poucos fui lendo aleatoriamente o material dele em oportunidades. Até que em 1997 achei uma revista Fradim 14 da editora Codecri numa liquidação de encalhes de uma distribuidora no interior do Paraná a preço de bala. Ali tive um pouco mais de contato com a vida e acidez do autor, foi quando comecei a entender a abrangência e relevância da obra do Henfil, e consegui mais alguns números do Fradim em sebos. Poucos anos depois, como consequência de outra liquidação na mesma cidade (nesse caso foi de uma pessoa) ganhei de presente uma coletânea da Graúna. O trabalho do Henfil então me acertou em cheio, era de uma exploração irônica ímpar da miséria brasileira. Tinha horas que eu me sentia até mal de rir de suas piadas, aquilo era para chocar e causar reflexões, e o Henfil sabia que precisava nos fazer rir para aceitarmos o tapa na cara que a realidade nos dava. Demorou anos para ter a mesma percepção com outros autores.

3. O que chamou mais atenção: o humor escrito, as gags visuais ou o traço?

Várias coisas. Às vezes no desenho era um frade fazendo gesto obsceno, ora os personagens sem cenário e ainda assim sinalizava uma sequência. Mesmo diferente do traço que estava mais acostumado, achava muito bacana aquelas imagens em que apareciam miseráveis desfigurados. O humor ácido foi sem dúvida o ponto alto para mim. Gostaria de ver o Henfil hoje desobstruindo as barreiras do politicamente correto, certamente seria atacado por todos os lados, algo semelhante ao atentado do Charlie Hebdo poderia ocorrer a ele.

4. Seu trabalho teve influência direta? Se teve, em que sentido?

É muito bom poder apreciar a ironia e a acidez da linguagem do Henfil, era quase um diálogo, ou uma fuga àquelas conversas que não se podia ter com qualquer um. Infelizmente não é o tipo de linguagem que se poder ter com a maioria hoje. A ironia é uma figura de linguagem em que a pessoa que não a entende se sente ofendida ao invés de convidada a discutir o assunto ou apenas curtir a diversão em pauta.

5. Qual foi a impacto dos Quadrinhos e Charges do Henfil na Imprensa Sindical? E na esquerda?

Não posso responder sobre isso, pouquíssimas vezes tive contato com periódicos sindicais, e muito depois da morte do Henfil. Esses periódicos, assim como os sindicatos, que tive contato estavam abaixo do nível intelectual e produtivo do autor. Sobre a esquerda, só posso especular, creio que as charges do Henfil reverberavam as mudanças que a sociedade ambicionava na época. Provavelmente a esquerda se manifestava como a forma de viabilizar essas mudanças. Entre meus amigos na época, só ríamos das piadas dele até onde conseguíamos entender, sem qualquer viés de orientação política, apenas diversão, não haveria o que apreciar politicamente nem era necessário, apenas aquelas piadas que pareciam mais inteligentes que as dos gibis Disney e Turma da Mônica. Ele produzia um humor que poderia fazer sentido a todas as idades, como o Quino fazia, porém, o Henfil era mais sacana.

6. Acompanhava as entrevistas do Henfil na Imprensa? Teve alguma que lhe marcou? Porquê?

Nenhuma, primeira vez que o vi foi na notícia de sua morte. Nos gibis do Fradim gostava muito das crônicas que ele reproduziu do tempo que passou nos EUA, creio que o título era Crônicas de um Subdesenvolvido. Muitas li depois que visitei o país duas vezes (em 2008 e 2012), aquilo reproduzia quase integralmente os sentimentos e percepções que tive por lá, e quando voltei.

7. O que achou da iniciativa da Editora Noir em reunir estas entrevistas em um livro? Que efeito acha que este livro terá em você e nos demais leitores?

Será interessante ler tal livro, desde que tanto o editor quanto os leitores saibam se situar no tempo, entender que retratam uma época que passou, e não devemos retroceder a ela. Espero que a edição do livro e a leitura dele passem longe de paixões e engajamentos. Sejam mais focados na vida e obra do Henfil.

8. Henfil era um profissional multimídia, atuando na TV e no Cinema. O que achou das produções do cartunista em TV Home e Tanga, deu no New York Times?

Não acompanhei na época. Tenho certeza que perdi muito, tenho o mesmo sentimento em relação ao jornalista Paulo Francis.

9. Pra você, qual é o tamanho da falta que Henfil faz?

Ele teve sucessores que, se tiveram seu trabalho como referência, não eram ele próprio. Certamente faz falta, seria muito divertido tê-lo presente na imprensa atualmente. A morte dele foi consequência da contaminação pelo HIV em função da hemofilia, é lamentável pensar que com um pouco mais de controle nos estoques de sangue da época, ou mesmo os tratamentos para soropositivos que vieram depois, permitiriam que ele pudesse estar vivo, produzindo e bem de saúde hoje em dia. Faltou muito pouco tempo para isso, infelizmente. O legado é que casos famosos como o dele, aceleraram as pesquisas pela maior eficiência desses meios de detecção e tratamento.

10. As novas gerações conhecem pouco do trabalho do Henfil. Apesar de uma exposição de originais no Centro Cultural Banco do Brasil (2005) no Rio e em SP ter tido público recorde na época. O que fazer pra melhorar isso? O livro organizado pelo Gonçalo Jr pode ajudar?

É certo que ajuda, mas é difícil quantificar, pois a abrangência de livros como os do Gonçalo fica muito restrita aos leitores de quadrinhos, e parte desse público já é entusiasta do Henfil. Certamente irá ajudar a ampliar o conhecimento sobre o artista, e será mais um tijolo na bibliografia dessa figura importante. O Gonçalo tem a gana de jornalista, ele usa muitas páginas para situar os leitores nos cenários da época (até repete isso ao longo do texto) e em suas obras sempre gosta de trazer algo que ninguém mais sabe, como um furo de reportagem, vamos ver qual será a novidade neste livro. Sobre o que mais pode ser feito para melhorar é analisar e publicar de forma a perpetuar o trabalho do artista, se houver algum interesse além da arte, vai até criar rejeição ao artista. Já quanto à publicação, acho que não deve se limitar ao vício dos livros luxuosos. Como já foi questão desta entrevista, Henfil foi da imprensa, comunicação de massa, isso foi um dos fatores para ele alcançar o status a que chegou. A revista do Fradim teve numeração maior que a maioria das revistas em quadrinhos nacionais, ela atingia público adulto a preço barato, foi a fórmula do sucesso, um sucesso que o mercado de quadrinhos abriu mão. Deixar claro que o Henfil merece coletâneas luxuosas do seu trabalho, mas essa modalidade não servirá para atingir público.

11. O Brasil hoje está ‘sick da vida’ com tantos ataques à democracia, à inclusão social, racial e de gênero, à distribuição de renda? Ou a coisa precisa piorar mais pro povo reagir?

O Brasil de hoje é muito melhor que o da época do Henfil, certamente ele estaria mais contente com o país de hoje. A democracia evoluiu e está mais forte, as pessoas estão votando (quando ele morreu havia uma ou duas eleições com analfabetos com direito de voto), o poder está alternando; a fome diminuiu; inclusão e distribuição de renda aumentaram, mesmo que ainda numa base não sustentável. A educação e informação estão mais disponíveis às pessoas, mesmo que a qualidade dessas duas parcelas seja insuficiente. De pior, a crítica e os questionamentos se reduziram às preferências pessoais, e não aos fatos. Há diferenças a serem resolvidas, mas não é interesse de quem possa resolver isso abrir mão de privilégios. É melhor não torcer para a coisa piorar, melhor é olhar para o futuro do que retroceder para achar que conseguiremos corrigir o passado.

12. Como Henfil estaria reagindo à sanha fascista, totalitária e anti-democrática que abocanhou os três poderes?

Acreditar que exista essa sanha, e que tenha tomado os poderes da República é um ato de diminuir a importância do país a poucas personalidades, não é assim que se deve discutir os assuntos, pois não é a realidade. Hoje há fenômenos de mídia que exaltam fatos pequenos, e dentro dela os agentes públicos encontraram uma forma midiática de arregimentar seu público, são as regras naturais e consequenciais do jogo que se construiu. Se é possível mudar isso, vai levar tempo. De volta ao Henfil, nunca se saberá como aconteceria, ele já morreu e não se pode saber o quanto ele se orgulharia ou se decepcionaria com a situação. Se for seguida a linha do humor de alto nível que ele produzia, certamente avacalharia todos os presidentes, autoridades e demais figuras públicas relevantes, como outros também fizeram. A diferença é que na época havia mais respeito às personalidades e ao público, e o importante seria o humor. Hoje a criticidade e capacidade dos autores os levam apenas a atacar agressivamente somente as personalidades que eles não gostam, quem perdeu com isso foi o humor.

13. Henfil foi um dos fundadores do PT, que se propunha a transformar radicalmente a sociedade. Esta décima terceira pergunta é o espaço pra suas considerações, não finais, mas futuristas. É possível ainda transformar o país de forma radical? O humor entra nisso?

Eu desconhecia que ele fosse um dos fundadores do PT, ele talvez se decepcionaria com uns e se orgulharia de outros caminhos tomados pelo partido. Haveria espaço para ele destilar seu humor incrível. Em todos os exemplos da humanidade não foi observado benefício em radicalismo, a sociedade sempre evitou isso e, quando se viu obrigada a fazê-lo em forma de protesto, não foram boas as consequências. A moderação e diálogo com respeito é a forma de abrandar e fortalecer as mudanças. Os dois maiores países do nosso continente experimentam retrocessos há décadas ao ceder ao radicalismo. A África do Sul precisava de uma ação radical, e uma das maiores vítimas do Regime ao qual o país estava submetido assumiu o poder sem rancores e com a agenda de seguir em frente, não de resolver o passado. Sobre onde o humor entra nisso, espero que como registrador apenas, pois governos são assuntos muito sérios.

QUEM É DANIEL SAKS

Daniel Saks, engenheiro químico, é colecionador de gibis desde 1985. Apaixonado por sua coleção e pelo quadrinho nacional, se dedicou à pesquisa do mercado de revistas. Por uma coincidência e felicidade de eventos se tornou editor independente em 2015 quando relançou os clássicos títulos da editora D-Arte, Calafrio e Mestres do Terror.

Contatos:

E-mail do Correio Calafrio revistacalafrio@gmail.com https://www.facebook.com/Calafrio-e-Mestres-do-terror-1492199694410890

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AQC entrevista: Beth Lorenzotti sobre Henfil

Esta série de entrevistas foi uma iniciativa da AQC em apoio ao livro “Sick da Vida”, coletânea de entrevistas do cartunista Henfil organizadas pelo quadrinhista, jornalista, escritor e biógrafo Gonçalo Silva Junior. O livro foi lançado na plataforma Catarse pela Editora Noir, recebeu 235 apoios e ultrapassou a meta para publicação em quase 50%, atingindo 147% e comprovando que as ideias do cartunista Henfil propagadas em suas entrevistas continuam sendo atuais e esclarecedoras. A AQC se sente orgulhosa de ter apoiado uma iniciativa tão incrível e necessária.https://www.catarse.me/henfil Você pode ter mais informações sobre como adquirir o livro através do site https://editoranoir.com/ ou da página do Facebook: https://www.facebook.com/editoranoir/

1-Como você conheceu o trabalho do Henfil?

Foi no Pasquim, durante a ditadura. O jornal alternativo que todos líamos e nos lavava a alma, e ainda era super engraçado.

2- Qual foi o impacto inicial?

Eu gostei logo de cara. Eram os Fradinhos. Confesso que as maldades do Baixinho muitas vezes me arrepiavam. Sádico total ahahahahahahah. Mas tão engraçado e aquelas rodinhas, quase perninhas correndo. No cravo e na ferradura, uma peste verdadeira!!!

3- O que chamou mais a atenção o humor escroto, as gags visuais ou o traço?

Acho que não dá pra separar. Mas acho admirável, sempre que encontro em qualquer trabalho- desenho, escrita, pintura, música, dança, – um estilo, que é só você olhar nem precisa de assinatura. Tá lá, é o fulano, a fulana. Taí. É o Henfil!

4- Seu trabalho teve influência direta? Se teve, em que sentido?

Acho que essa pergunta é mais para os artistas do traço aqui. Eu sou da pena. Sou uma receptora e serviu no mínimo para abrir minha mente em relação à importância dessa arte para a denúncia, a conscientização, a resistência!

5-Qual foi o impacto dos quadrinhos e charges do Henfil na imprensa sindical? E na esquerda? Entre seus amigos? Quais eram os comentários das pessoas?

Ah a imprensa sindical! Vou contar uma historinha: foi minha melhor experiência na carreira jornalística, verdade! Embora breve, intensa. Na implantação do Departamento de Imprensa no Sindicato dos Bancários de SP, que recém havia expulsado os pelegos, 1980 por aí. Então já havia a experiência do Pasquim. Tinha como prato principal basicamente cartunistas e chargistas. Porque até então os jornalões reservavam mínimo espaço para o traço. E quando havia era pra quadrinhos estadunidenses, que durante anos e até recentemente mantiveram. Estadão não sei se ainda tem, mas periga. Nunca que eu saiba esse jornal teve quadrinho nacional. Mas uma época, mais recente, abriu a página de opinião para dois cartunistas. Bom, com as experiências da imprensa alternativa, então, Pasquim, Opinião, depois Movimento e uma miríade de nanicos, viu-se a importância do traço. E a nova imprensa sindical convocou o pessoal. Nos Bancários tivemos o Éton, nos Químicos o Bira Dantas, discípulo do Éton, garotinho. E nos Metalúrgicos do ABC o Vargas (que desenhava o João Ferrador), e em tantos em todo o país começaram a provar a importância do desenho para capturar, em primeiro lugar, o olhar do trabalhador. Creio que todos esses profissionais tiveram influência diretíssima do Henfil. Não foi fácil ocupar esse espaço. Eu me lembro nos Bancários de gente que dizia que o Departamento de Imprensa não trabalhava. Um -diziam- ficava ouvindo rádio e rabiscando, o Éton. Ah, vou aproveitar para falar sobre a preponderância do texto escrito sobre o traço. A única experiência na história da imprensa que deu ao desenho e à foto, a partir de 1956, sua autonomia e pagou as colaborações no mesmo valor que os autores de textos foi o Suplemento Cultural do Estadão criado pelo professor Antônio Candido e editado por Décio de Almeida Prado. Escrevi um livro sobre, com reproduções de todos e ilustrações- Suplemento Literário. Que falta ele faz! Porque o desenho está sempre subordinado ao texto, ele vem para ilustrar o que o texto diz. Lá, inúmeras vezes um belíssimo desenho pousava solto na página. E mais: o projeto do professor Antonio Candido para os donos do Estadão contemplava pagamento igual para texto e ilustração. Certamente foi a primeira vez na história da imprensa. E infelizmente, quando acabou a primeira fase brilhante do Suplemento, também acabou essa estratégia. Não tinha anúncios, e então… Bom, mas na década de 80 uma briga era, pelo menos nos Bancários, para cada tendência de esquerda representada, passar a pauta ao ilustrador, isto é dizer como devia ser seu desenho, o que desenhar. Não estavam acostumados a deixar livre os meninos para a imaginação. Aliás, meninos sim, porque eram todos homens. Ainda não havia meninas. Eu sempre batalhei pela independência do trabalho dos chargistas e ilustradores, quando fui editora nessas publicações. Isso significava enfrentamentos com os diretores sindicais. Mas afinal a gente ganhava. Com o tempo perceberam o sucesso das charges na Folhinha Bancaria diária. A importância que tinha essa linguagem e como chegava direto aos trabalhadores. Estávamos em sindicatos do chamado novo sindicalismo e estouravam as greves iniciadas pelos metalúrgicos em 79. Boletins, panfletos, filipetas, tudo enfim era ilustrado, E precisava ser. E passava a ser fundamental. Quantos jornais da oposição sindical, quanto material se rodava. Quantos jornais e quantas experiencias importantes e pioneiras. Claro que todo mundo, da pena e do traço, era fã do Henfil. Seu trabalho, se não era encomendado diretamente, porque ele já estava cheio de trabalho, era publicado, republicado, replicado. Henfil já estava no TV Mulher, criado pela jornalista de esquerda e ex-presa política Rose Nogueira. Imaginem Henfil na Globo! Quem imaginaria? Não me lembro de jamais ter ouvido comentários desgostando de Henfil, pelo menos no nosso meio. Respeito e admiração ao seu trabalho era o que existia. Também Henfil contribuiu exatamente para que o trabalho de desenhistas, chargistas, ilustradores, fosse mais considerado. Já na época não se imaginava um jornal de sindicato sem ilustração. O espaço já estava conquistado.

6- Acompanhava as entrevistas do Henfil na imprensa?

Lia tudo. Mas minha memória não chega a lembrar e discriminar alguma. Eu lia semanalmente também as Cartas à Mae, que eram deliciosas.

7-O que achou da Editora Noir em reunir estas entrevistas em um livro? Que efeito acha que este livro terá em você e nos demais leitores?

Esse livro será fundamental para puxar a memória e lembrar tudo aquilo que conhecemos do HEnfil. E nos demais leitores, especialmente as gerações mais jovens, aqueles que já desenham, os que vão desenhar, os que vão escrever ou não, uma contribuição histórica importante. Fundamental presença na cultura brasileira de resistência à ditadura, será útil principalmente para que se conheça essa página infeliz da nossa História. Que se tornou menos insuportável graças aos desenhistas, principalmente o mais famoso deles, Henfil.

8- Henfil era um profissional de multimidia atuando na TV e no cinema, o que achou das produções do cartunista em TV Home e Tanga, deu no New York Times?

Eu me lembro de Tanga. Acho que foi o mais famoso, E essa frase “deu no NYT” ficou para sempre cravada como uma crítica à subserviência colonizada.

9-Pra você qual é o tamanho da falta que Henfil faz?

Adoraria continuar contando com as novas charges do Henfil. É imensurável a falta que ele faz! Nossa cultura tão esfacelada pelos ditadores! Nossos artistas talentosos, decentes, que nunca venderam a alma, resistentes sempre nadaram contra a corrente da indústria de massas. São eles que ficarão. Viverão para sempre, voltarão e vencerão.

10- As novas gerações conhecem pouco o trabalho de Henfil. Apesar de uma exposição de originais no Centro Cultural Banco do Brasil (2005) no Rio e em SP ter tido público recorde na época, o trabalho dele (apesar do enorme esforço do Instituto Henfil, criado pelo filho Ivan Cosenza) ainda é pouco compartilhado nas redes. O que fazer para melhorar isso? O livro organizado pelo Gonçalo Jr. Pode ajudar?

Não é só neste caso, as novas gerações não têm acesso a nossa historia, quiçá à historia da cultura brasileira. Claro que sim. E é preciso agilizar o compartilhamento de Henfil nas redes, a divulgação para quem não conhece. Já surgem o Bode Zeferino, Graúna e Orelana na eternamente, inesquecível: Tão vendo alguma esperança? Neste 2022 com pandemia e genocida no poder. Criar e vivificar a memória de Henfil, vocês já estão contribuindo. Vamos em frente!

11- O Brasil hoje está sick da vida com tantos ataques à democracia, à inclusão social, racial e de gênero, a distribuição de renda. Ou a cosia precisa piorar mais pro povo reagir?

Acho que finalmente está começando a reação. Escrevo em janeiro de 2022. A falecida sociedade civil está acordando, mas não se sabe o que será.

12- Como Henfil estaria reagindo à sanha fascista, totalitária e antidemocrática que abocanhou os três poderes?

Nem sei como Henfil faria com tanto assunto, tanto absurdo diuturno. Tanto sofrimento, tanta dor, tanta fome, tanto horror. Ele saberia.

13-Henfil foi um dos fundadores do PT, que se propunha a transformar radicalmente a sociedade. Esta 13ª pergunta é o espaço para suas considerações, não finais, mas futuristas. É possível transformar ainda o país de modo radical? O humor entra nisso?

É sempre possível e é nosso dever sempre lutar para mudar um mundo de injustiças. A luta é eterna, ela sempre continuará. Mas no nosso país, que já tinha conquistado tanto, mesmo ainda com tanto a conquistar, e foi invadido por legiões barbaras. No nosso país temos de expulsar esses bárbaros, temos de reconstruir o que destruíram, temos de sanar tantas chagas, temos de reviver nossos sonhos. Vamos precisar de todo mundo. E a consciência que se desperta com humor é mais pedagógica. Não se vive sem humor/amor. Um binômio ótimo. A América Latina retoma governos de tradição democrática e o Brasil também retomará. Não será fácil o resgate. Mas venceremos!

QUEM É ELIZABETH LORENZOTTI

Nasceu em São Paulo, graduada em Jornalismo (1975) e mestre em Ciências da Comunicação pela Escola de Comunicação e Artes da USP (2002) com a defesa do tema Do artístico ao jornalístico: vida e morte de um Suplemento-Suplemento Literário, de O Estado de S. Paulo (1956 a 1974). Iniciou a trajetória na imprensa na Agência Estado como Redatora. Antes fez estágio nos Diários Associados e trabalhou na sucursal paulista de O Globo. Em 1980 participou da implantação do Departamento de Imprensa no Sindicato dos Bancários de São Paulo, onde editou o Suplemento Diário da Folha Bancaria que passou incialmente de mil para 10 mil exemplares em poucos meses e chegou a 100 mil nos anos posteriores. Era um instrumento de informação e conscientização, distribuído pela diretoria e militantes aos bancários em seus locais de trabalho. Foi editora da revista Carícia, da Editora Azul, empresa subsidiária da Editora Abril; editora assistente da Folha de S. Paulo e editora do Guia do Estudante na Editora Abril. Foi editora-chefe do Jornal da USP e repórter de política do jornal digital Panorama Brasil. Editora da revista Nova Escola, da Fundação Victor Civita (Editora Abril) e no Grupo Estado, editora-assistente das editorias de Geral e Educação. Na Revista do IDEC, focada sobre direitos do consumidor, foi Diretora de Redação por quatro anos. Fez reportagens sobre arte, literatura, arquitetura e design para a revista Bienart, da Fundação Bienal de São Paulo; colaborações para o Suplemento Fim de Semana, (suplemento cultura do jornal Valor Econômico). Editora da revista Nova Escola, da Fundação Victor Civita (Editora Abril). Também foi editora de revista Panorama Editorial, da Câmara Brasileira do Livro. Foi colaboradora da revista Sem Terra, do MST, desde sua fundação e durante vários anos. Na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC) foi professora auxiliar de ensino de técnicas de jornalismo para alunos de quinto a oitavo semestres do curso de Jornalismo. Ainda na PUCSP- Professora da Cogeae (Coordenadoria Geral de Especialização e Extensão), do Programa de Pós-Graduação Lato-Sensu em Comunicação Jornalística no Curso de Jornalismo Institucional e Públicos Estratégicos. Na Universidade Metodista, professora do curso de Jornalismo Cultural no programa de pós-graduação lato-sensu no Curso de Jornalismo, História e Literatura. Em 2007 lançou o livro Suplemento Literário – Que Falta ele faz (ensaio), em 2010 Tinhorão, o Legendário (biografia), ambos pela Imprensa Oficial do Estado de São Paulo e As Dez Mil Coisas, 2011 (poesia) pela Biblos Editora para Amazon.com. Lançou o ebook Jornalismo Século XXI- O modelo #mídiaNINJA, em agosto de 2014, pela e-galaxia. A obra narra a trajetória da Mídia Ninja, coletivo midialivrista que provocou polêmica no establishment da comunicação. Em 2021 participou de coletânea de crônicas publicadas por jornalistas no Escritablog -Um mar vivo de corações expostos- pela Editora Lavra.

Elizabeth Lorenzotti mantém o blog VivaBabel focado em Cultura e literatura.

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AQC entrevista: Desenhos do Nando sobre Henfil

Esta série de entrevistas foi uma iniciativa da AQC em apoio ao livro “Sick da Vida”, coletânea de entrevistas do cartunista Henfil organizadas pelo quadrinhista, jornalista, escritor e biógrafo Gonçalo Silva Junior. O livro foi lançado na plataforma Catarse pela Editora Noir, recebeu mais de 230 apoios e ultrapassou a meta para publicação em 44%, comprovando que as ideias do cartunista Henfil propagadas em suas entrevistas continuam sendo atuais e esclarecedoras. A AQC se sente orgulhosa de ter apoiado uma iniciativa tão incrível e necessária.https://www.catarse.me/henfil Você pode ter mais informações sobre como adquirir o livro através do site https://editoranoir.com/ ou da página do Facebook: https://www.facebook.com/editoranoir/

1. Como você conheceu o trabalho do Henfil?

Conheci por volta dos meus oito ou nove anos, em 1988 ou 89. Meu pai tinha uma namorada viciada em quadrinhos políticos e tinha uma coleção seleta. Foi quando conheci Quino, Laerte, Angeli e o resto todo da turma.

2. Qual foi o impacto inicial?

Eu achei o traço muito interessante e mesmo não entendendo tanto o contexto, por causa da idade, eu achava divertido. Um bode, dois frades e um bicho preto, que eu não fazia ideia do que fosse. Hoje sei se tratar da Graúna, rs.

3. O que chamou mais atenção o humor escrito, as gags visuais ou o traço?

Chamou atenção o traço rápido e sem rascunho.

4. Seu trabalho teve influência direta? Se teve, em que sentido?

Henfil é influência direta de nove entre dez cartunistas. Quem não teve influência dele não entendeu nada. O Henfil sabia usar o humor pra desnudar a hipocrisia de uma parte da sociedade, dos militares/políticos e dos milionários/empresários. A charge bem feita tem a característica de provocar e incomodar, tanto que muitos sofreram perseguições brabas.

5. Qual foi a impacto dos Quadrinhos e Charges do Henfil na Imprensa Sindical? E na esquerda? E entre seus amigos? Quais eram os comentários das pessoas?

Infelizmente minha ignorância me impede de tecer comentários acerca do impacto dos quadrinhos na imprensa sindical. Na esquerda, eu suponho que tenha sido um dos fatores de aglutinação de ideias. As vezes, o poder de síntese de uma charge consegue representar o pensamento de muitas pessoas e serve como ferramenta pra fortalecer argumentos dentro de uma disputa narrativa. Meus amigos são fãs de Henfil, assim como eu.

6. Acompanhava as entrevistas do Henfil na Imprensa? Teve alguma que lhe marcou? Porquê?

Já vi alguns trechos, mas confesso não ter nenhuma que eu possa citar.

7. O que achou da iniciativa da Editora Noir em reunir estas entrevistas em um livro? Que efeito acha que este livro terá em você e nos demais leitores?

Acho uma ótima oportunidade pra pessoas como eu conhecerem melhor a palavra falada desse cartunista genial. Acho que o impacto será grande, já que vivemos momentos similares aos da época da ditadura de 64.

8. Henfil era um profissional multimídia, atuando na TV e no Cinema. O que achou das produções do cartunista em TV Home e Tanga, deu no New York Times?

Eu vou pesquisar essas produções pra TV, pois desconheço.

9. Pra você, qual é o tamanho da falta que Henfil faz?

O tamanho da necessidade que estamos tendo nesse momento crucial da nossa história. Pessoas como ele são fundamentais na provocação dos debates.

10. As novas gerações conhecem pouco do trabalho do Henfil. Apesar de uma exposição de originais no Centro Cultural Banco do Brasil (2005) no Rio e em SP ter tido público recorde na época, o trabalho dele (apesar do enorme esforço do Instituto Henfil, criado pelo filho Ivan Cosenza) ainda é pouco compartilhado nas redes. O que fazer pra melhorar isso? O livro organizado pelo Gonçalo Jr pode ajudar?

Certamente o livro irá ajudar. Me comprometo a divulgar nas minhas redes, inclusive. Vou perturbar alguns amigos cartunistas pra divulgarem também.

11. O Brasil hoje está ‘sick da vida’ com tantos ataques à democracia, à inclusão social, racial e de gênero, à distribuição de renda? Você, bem como Aroeira, Laerte e mais cartunistas tem sido ameaçado por defensores do governo federal. Pode fazer um paralelo entre essas ameaças e a censura nos tempos da ditadura?

Existem muitas semelhanças, como o autoritarismo e a doutrinação das pessoas por parte do governo. Mas, hoje em dia, temos uma diferença importante -ao meu ver- que é a internet. Na rede podemos nos organizar em pouco tempo pra revidar e expor ataques.

12. Como Henfil estaria reagindo à sanha fascista, totalitária e anti-democrática que abocanhou os três poderes?

Estaria reagindo como um cidadão indignado e certamente sua caneta estaria desenhando críticas ácidas e bem humoradas, dentro do possível.

13. Henfil foi um dos fundadores do PT, que se propunha a transformar radicalmente a sociedade. Esta décima terceira pergunta é o espaço pra suas considerações, não finais, mas futuristas. É possível ainda transformar o país de forma radical? O humor entra nisso de que jeito?

Acredito que a maioria da população entendeu o perigo que esse tipo de governo representa. Não à toa, temos muitos líderes de extrema direita caindo. O Lula tá liderando com folga as pesquisas por aqui e tem tudo pra levar essa no primeiro turno. Espero que a partir daí, tenhamos um caminho de reconstrução e fortalecimento da nossas instituições. Sou otimista e acredito que o Brasil vai voltar a ser feliz.

QUEM É NANDO MOTTA

Músico, ator e ilustrador, Nando é um carioca que vive de arte desde 1997. Como cantor, compositor e instrumentista, passou por algumas bandas, fez shows em Portugal e Paris, gravou dois discos autorais e passou pelo The Voice Brasil 2013. No teatro, participou da montagem de ‘O Homem de la Mancha’, com direção de Miguel Falabella e outras grandes produções musicais como ‘Rio Mais Brasil’ e ‘70? Doc Musical’. Como ilustrador, desenhou diversos livros didáticos, institucionais, storyboards e concept art de algumas campanhas publicitárias. Mas foi a partir de 2018 que Nando começou de fato na carreira de chargista, tendo seus primeiros trabalhos publicados no portal Brasil 247 – o maior portal jornalístico progressista na internet brasileira – e a partir daí sua produção começou a ganhar repercussão nacional. Recentemente teve um de seus trabalhos mencionados numa matéria do NYTIMES, acerca do episódio sobre a perseguição política aos chargistas e também concedeu uma entrevista para a Rolling Stone Brasil, ao lado da consagrada chargista Laerte. A produção diária e ininterrupta de Nando chama atenção pelo traço e pelas mensagens contidas, que fazem com que seus números nas redes sociais cresçam de maneira exponencial. Como chargista é colaborador do site Brasil 247. Está sendo processsado por Luciano Hang, conhecido como ‘Véio da Havan’, por causa de uma charge publicada no site. Isto gerou mais uma ‘charge continuada’ (aos moldes de Aroeira ameaçado pelo ministro da justiça com a Lei de Segurança Nacional) pelos solidários cartunistas da Revista Pirralha, que saíram em sua defesa. https://revistapirralha.com.br/

Portfólio de charges:

https://www.brasil247.com/authors/nando-motta

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