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Garra Cinzenta – de Renato Silva

Foi lançado o álbum Garra Cinzenta (136 pgs. tamanho: 21,5 x 27,5cm, capa dura, editora Conrad, R$ 39,90) reunindo os 100 capítulos da história em quadrinhos publicada entre 1937 e 1939, no jornal tablóide paulistano chamado A Gazetinha, publicado por Cásper Líbero. Publicado em formato fac-simile (mantendo a grafia original), o álbum resgata uma das mais lendárias séries do quadrinho nacional.
A história está repleta de assassinatos, conexões subterrâneas, laboratórios secretos, casas de ópio, uma sociedade secreta do crime e cartões que estampam uma garra ressecada assombrando uma metrópole sombria. Do lado da lei e da ordem, o inspetor Frederic Higgins, o sub-inspetor Miller e o sargento Ned. Entre seus colaboradores, a rica e glamorosa Kay Tornhill e seu irmão Henry, além do chinês Lee. Já o papel de vilão fica por conta de Garra Cinzenta, o autômato Flag e a surpreendente Dama de Negro. Considerada uma das primeiras historias policiais nacionais (embora com vários elementos de terror e de ficção), Garra Cinzenta tem influencia direta dos pulps (revistas baratas, impressas em papel de baixa qualidade, com dezenas de contos e capas coloridas para lá de chamativas. Criadas como entretenimento de massa, as pulp magazines publicavam de tudo: narrativas fantásticas de ficção científica, histórias policiais e de guerra, westerns, relatos do submundo do crime e grandes aventuras passadas em épocas e locais incomuns) e dos seriados de cinema.
A arte ficou por conta de Renato Silva, grande ilustrador carioca de revistas como Vida Doméstica, A Maçã, Vamos Ler, A Noite Ilustrada, Carioca, O Cruzeiro e A Cigarra e na revista erótica Shymmy. Na Garra Cinzenta, Renato Silva demonstra toda a qualidade de seu traço, riqueza de detalhes, construção de ambientes, máquinas e personagens. Já a identidade do roteirista é um mistério. Francisco Armond é um pseudônimo, possivelmente da jornalista e poetisa Helena Ferraz de Abreu (esposa de Manoel Ferraz, editor do Correio Universal), mas não existe confirmação de sua autoria.
A história tem uma trama envolvente, cheia de sobressaltos, ação, personagens marcantes e ambientação soturna. Ler Garra Cinzenta é voltar no tempo, conhecendo como eram contadas as histórias de suspense na década de 30. O álbum também é um resgate histórico de uma obra cultuada e pouco conhecida do fantástico quadrinho nacional.

Worney Almeida de Souza

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