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EUROQUADRINHOS: TOQUES DO PEDRO BOUçA


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Sáb, 1 de Out de 2011
1. BD EM UK

Mais ingleses fascinados por Blake e Mortimer.
O crítico do Forbidden Planet parece ter amado “O Santuário de
Gondwana”, uma aventura (injustamente) criticada quando de sua
publicação na França:
http://forbiddenplanet.co.uk/blog/2011/blake-mortimer-%e2%80%93-i-find-much-to-praise-at-the-gondwana-shrine-and-find-beauty-and-brilliance-in-the-details%e2%80%a6/

2. ORIGINAIS

Maior leilão de originais de quadrinhos de todos os tempos!
http://bd75011.blogspot.com/2011/09/vente-aux-encheres-speciale-jacques.html
Os herdeiros de Jacques Martin vão colocar em leilão os arquivos do
autor!
São TRÊS álbuns completos (o primeiro Alix e o primeiro Lefranc
inclusos!) e peças individuais preciosas, como a página de teste
que Martin fez de Blake e Mortimer e a famosíssima página “falsa”
de Tintim que ele fez com Bob de Moor!
As peças em leilão valem uma fortuna!
Eu tenho é um pouco de pena que o patrimônio do Martin será disperso
aos quatro ventos. Dava até para fazer um museu com um acervo
desses…

3. MORTE DE BONELLI

http://www.bleedingcool.com/2011/09/26/sergio-bonelli-passes-aged-78
Grande tragédia.
Na minha opinião, Sergio Bonelli era o melhor editor de quadrinhos
do mundo em atividade. A editora fundada por seus pais cresceu e
diversificou- se nas mão dele, que resistiu à tentação (ao contrário
da Astorina, de Diabolik) de simplesmente publicar apenas Tex. Isso
permitiu séries como Dylan Dog, Nathan Never e minha favorita Martin
Mystère, todas obras marcantes do quadrinho italiano, verem a luz do
dia. Para não falar em experiências como a magnífica série Um Homem,
Uma Aventura.
Isso se reflete também em seu trabalho como escritor. Como escritor
de Tex, Sergio Bonelli (que assinava Guido Nolitta) trilhou um
caminho bastante diferente do de seu pai, com aventuras menos
convencionais e mais humanas e realistas. A crueza do Oeste Selvagem
era melhor refletida na obra de Sergio do que na de seu pai.
E quando chegou o momento de criar novas obras, Sergio Bonelli
inovou com um faroeste atípico, Zagor, muito influenciado por Tarzan
e os super-heróis americanos e com pitadas de ficção científica e do
que seria mais tarde denominado steampunk.
Não contente com isso, Bonelli criou uma outra HQ inovadora, Mister No.
Uma espécie de faroeste moderno ambientado na Amazona brasileira
dos anos 50, Mister No foi talvez a HQ estrangeira que melhor
utilizou o Brasil como ambientação. As edições assinadas por Bonelli
são invariavelmente excelentes, mas após sua saída da série esta
entrou em uma longa decadência que eventualmente a levou ao
cancelamento, após cerca de vinte anos.
Apesar de ter se afastado da escrita nos últimos anos, Bonelli foi
ativo até o fim, ajudando a criar novas obras e mantendo viva a
chama do quadrinho tradicional italiano.
Não sei quem irá sucedê-lo, mas este sem dúvida é o fim de uma era!

4. TINTIN

Jean-Pierre Talbot, o ator que fez o papel de Tintim nos filmes dos
anos 60, é entrevistado no número atual de L’Immanquable:
http://www.limmanquable.com/interview-jean-pierre-talbot.html#interview
Da última vez que eu vi a cara dele, faz uns 15 anos, ele parecia o
Tintim com 50 anos (já meio careca e enrugado…) . Agora ele
finalmente está parecendo o senhor de idade que é, mas é fascinante
a semelhança que ele tinha com o personagem!

5. LISTA DOS CONVIDADOS DA RIO COMICON

http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/979233-rio-comicon-divulga-lista-dos-14-artistas-internacionais-confirmados.shtml
Realmente o evento tende ao material alternativo. Baudoin é um dos
ícones do quadrinho alternativo francês, Trondheim é fundador da
L’Association e, apesar de ser o mais mainstream da turma, fez fama
no material alternativo, enquanto Debeurme e Lust são alternativos
até a medula.
Isso se reflete em todos os outros. O único autor comercial convicto
é o Chris Claremont! Talvez a organização devesse estudar um maior
equilíbrio entre os autores comerciais e alternativos, para não
alienar o público.
Mais infos:
http://www.riocomicon.com.br/

6. SUCESSAO NA BONELLI

O grande Sergio Bonelli
não está mais conosco, mas há literalmente centenas de pessoas cuja
vida depende da editora que ele tão habilmente administrou por
tantas décadas. Eu já tinha discutido o assunto com o Zeca e outras
pessoas que conheciam bem o homem e parece que a situação está mais
ou menos assim:
Davide já estava envolvido com o trabalho da editora. Ele parece
ter tido um interesse tardio pelo trabalho editorial e não pôde,
portanto, absorver tudo que poderia da convivência com seu pai, mas
Sergio Bonelli o rodeou de editores hábeis e competentes que podem
compensar essa deficiência. Assumindo que ele esteja aberto a seus
conselhos, claro!
Deve ser dito que o melhor editor de quadrinhos dos EUA (Bill Gaines,
da EC Comics) não sabia NADA sobre quadrinhos quando foi forçado a
assumir a editora após a morte prematura do seu pai, mas estava
rodeado de bons assessores (Al Feldstein e Harvey Kurtzman, por
exemplo) e, com ajuda deles, criou uma linha de quadrinhos que
tornou-se lendária (para não falar na revista MAD!), então há
precedentes. Sendo que Davide já tem alguma experiência editorial e
uma editora em excelente saúde financeira para começar, ao contrário
de Gaines.
Mesmo que Davide se revele um editor excepcional, porém, há outros
fatores a levar em conta:
a) Boa parte das séries da Bonelli são deficitárias. Aí incluídos
materiais respeitados como meu favorito Martin Mystère. Bonelli
substituiu um grande número de séries deficitárias (Mister No,
Magico Vento, Nick Raider…) por mini-séries ainda em vida, mas
mantinha algumas por apreço ao material. A tentação de cancelar essas
séries é grande. E a de cancelar tudo menos os campeões de vendas
Tex e Dylan Dog é maior ainda! A editora Astorina vive de publicar
APENAS Diabolik – e a Bonelli viveria muito bem publicando apenas
Tex e Dylan Dog. Isso seria bom para as finanças da Bonelli, mas um
golpe mortal na diversidade dos fumetti!
b) Muitas das séries deficitárias dão emprego a DEZENAS de autores.
A Bonelli não parece ter nunca demitido um artista (alguns saíram
por livre e espontânea vontade para outras freguesias), mesmo quando
estes ficam demasiado idosos e claramente inadequados para a função
(vide os últimos trabalhos do Letteri). Esse paternalismo pode
terminar! O mercado de fumetti está em decadência e ninguém obriga a
Bonelli a sustentar toda essa gente. Levando em conta que a Bonelli
já tinha absorvido um grande número de autores espanhóis quando a
indústria de quadrinhos daquele país entrou em colapso, pode-se
imaginar o desastre para os quadrinhos que seria se repentinamente
ela decidir botar na rua um grande número de autores.
c) Número atrasados. A Bonelli tem em estoque praticamente TUDO que
publicou nos últimos 20 anos! Basta ir no site e verificar, você pode
encomendar, por exemplo, TODOS os números da série regular do Tex
(entre a série original e republicações) de uma vez. Até onde eu sei,
NENHUMA outra série de 500+ números NO MUNDO tem essa
disponibilidade! Pelo que me disseram, essas edições ficam estocadas
em um gigantesco armazém nos arredores de Milão cujo terreno
valorizou bastante nos últimos 20 anos. Destruir esses exemplares e
vender o armazém poderia render milhões para a editora, mas acabaria
com a fantástica disponibilidade de números atrasados da Bonelli e
tornaria o trabalho de colecioná-los MUITO mais complicado.
d) Em um ponto mais positivo, Sergio Bonelli nunca foi grande
apreciador da tecnologia. O site da Bonelli é bom, mas não é possível
se enviar um mail para a editora nem há projetos de criação e/ou
venda de HQs em formatos digitais. É possível que isso mude.
e) Igualmente, Sergio Bonelli era contra a publicação de anúncios
pagos em suas HQs. Ora, esses anúncios são uma EXCELENTE fonte de
renda. Para citar um exemplo, eu uma vez peguei uma revista Topolino
(Mickey) italiana e fiz as contas de quanto ela faturava com
anunciantes (os preços dos anúncios estão no expediente da revista, o
que facilitou a tarefa). Cheguei à conclusão que ela devia faturar
MAIS com isso do que com a própria venda de exemplares – e a
Topolino vende MAIS do que Tex (cerca de 200 mil exemplares, por
semana!)! Portanto não fiquem surpresos se começarem a aparecer
anúncios do método Carlo Atlante ou do Instituto Universal Italiano
nas Tex italianas. Aceitem isso, porque pode salvar a vida de muitas
séries!
(Os leitores brasileiros não têm com que se preocupar. A Mythos não
anuncia porque não consegue arrumar anunciantes. ..)
Em suma, muita coisa pode mudar e eu sinto que até o final do ano
haverá uma enorme quantidade de notícias – boas e más – vindas da
editora.

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