Dia 22 de Março aconteceu o bate-papo “Novo Boom dos Quadrinhos no Brasil” em comemoração aos 10 anos de Fnac em Campinas. Nos confundimos com o horario e acabamos chegando atrasados. Mas Mario Cau, Caio e Ferigato tinham chegado “adiantados” e acabaram começando o papo mais ou menos no horario.
Debate descontraído com Caio Yo, Eduardo Ferigato, Mario Cau e Bira Dantas, mediado por Ricardo Quintana (os dois ultimos chegaram atrasados), sobre o atual momento do quadrinho brasileiro.
Foram discutidos os diferentes estilos de quadrinhos, a sua produção, as diferentes mídias (como o webcomic, o quadrinho impresso e os novos aplicativos), os mercados e as diferentes maneiras de se publicar uma HQ.
CAIO YO:
http://www.pixoretto.com
http://caioyo.carbonmade.com
Ilustrador, colorista e pixel-artista. Membro do Coletivo Quarto Mundo, dá aulas de Mangá na Pandora.
Da minha parte, lembro que falei mais de mangá. Expliquei que a maior parte dos mangás publicados aqui são produções comerciais japonesas que nem sempre são boas, e que é preciso “garimpar” um pouco pra encontrar as publicações que realmente valem a pena serem lidas. Essa invasão dos mangás japoneses eliminou produções brasileiras das bancas, como a antiga Holy Avenger – já que é muito mais barato para as editoras pagar o licenciamento de uma obra do que a produção de uma. A grande maioria dos produtores de mangá são obrigados a partir para as áreas de ilustração publicitária, storyboards, design, livros didáticos, etc, e mantém o mangá como produção autoral.
Expliquei que é importante também que todo quadrinista de mangá encontre uma personalidade gráfica independente dos códigos e das “regras” do mangá, para que consigam atingir ao público geral e não apenas a um segmento limitado. Alguns artistas conseguiram fazer isso, e deixaram de ser rotulados apenas como mangakás, passaram a ser simplesmente “desenhistas”: Daniel HDR, Elisa Kwon, Hiro Kawahara, Caio Majado, Pri Perca, etc.
Outros se mantém fiéis à estética do mangá em suas produções, e e encontraram a possibilidade de publicar fora do país, como Denise Akemi e Erika Awano.
MARIO CAU:
http://www.mariocau.com
http://mariocau.blogspot.com.br
Ilustrador, quadrinista, professor de HQ na Pandora. Membro do Coletivo Quarto Mundo.
Apesar de contarmos com público bem reduzido (algumas das pessoas que mais participaram sequer sabiam do evento, e tiveram a “sorte” de passarem por lá no dia), tivemos um conversa muito legal sobre Histórias em Quadrinhos.
Sempre fica claro o quanto o público leitor desconhece do mercado de HQs no Brasil, principalmente do que diz respeito à vertente autoral e à independente. Não é para menos, ainda é algo relativamente “novo”. Vivemos uma época de grande crescimento na produção, consumo, interesse, pelo Quadrinho nacional.
O ponto principal, e é algo que eu levantei na conversa, é que de nada adianta termos autores de qualidade excepcional, produzindo independentemente e/ou por editoras, se não houver um movimento equivalente entre os leitores: interesse, pesquisa, abertura, investimento. Há um tipo de preconceito do leitor “de banca” com qualquer coisa que não seja de uma grande editora norte-americana, japonês ou vindo da MSP, Disney ou Warner. E isso é limitante, existe uma produção muito, muito maior, e de muita qualidade que precisa ser descoberta.
Estamos no caminho de não precisar mais dizer que “HQ se faz por paixão sem esperar nada em troca” ou “não dá pra se viver de HQs”. Isso só vai mudar se as editoras passarem a adotar modelos diferentes de produção, pagando devidamente autores para justificar o tempo e a dedicação a uma nova obra; e se os leitores passarem a consumir mais do que o “mesmo de sempre”.
Muitos entendidos e estudiosos vão dizer que “nunca se produziu tanto e com tanta variedade e qualidade quanto nos últimos anos no Brasil” e eu concordo. Voltei do FIQ ano passado com pilhas de HQs de vários autores. O evento em si, uma vitória imensa pra HQ nacional, foi um sucesso. Espero que isso possa continuar numa curva ascendente e que, se algum dia cair (o que poderia ser culpa do mercado, do leitor e até mesmo dos autores, creio eu), que demore muito.
Abraços!
EDUARDO FERIGATO:
http://eferigatoestudos.blogspot.com.br
http://ferigato.deviantart.com
http://ferigato-umpoucodetudo.blogspot.com.br
Ilustrador, quadrinista, desenhista de “Fractal” e “Fantasma” (EUA), criador de “Batima, feira da Fruta”, professor de HQ na Pandora.
Da minha parte eu comentei como o próprio mainstream americano tem dado espaço a artistas brasileiros com trabalhos que fogem do padrão “Jim Lee” Como Rafael Albuquerque, Rafael Grampá e os Gêmeos Bá e Moon, que tem conseguido até mesmo criar suas próprias histórias com personagens conhecidos da Marvel e DC e até novas Hqs em selos adultos como a Vertigo.
Falei também do trabalho e esforço necessários para atingir a excelência no traço e que diferente da linha autoral, o mercado editorial só publica artistas “prontos” em termos de estilo e técnica. Sobre como está o mercado de Comics Americano e sobre meu trabalho com a reformulação do personagem Fantasma para a Dynamite.
Entrou no debate também a falta de mulheres atuando no mercado. Ao que citei Julia Bax, Amanda Grazini, Lu Cafaggi e tantas outras que estão fazendo trabalhos maravilhosos na nona arte.
RICARDO QUINTANA:
http://www.pandora.art.br/
Ilustrador, colorista, produtor grafico, diretor-proprietario da Pandora Escola de Arte (Campinas – SP), curador de inumeras exposições e eventos ligados a Quadrinhos.
Mais uma vez, a Fnac Campinas abre espaço para o quadrinho nacional e isso é motivo de muito orgulho e vários agradecimentos, pois não são muitas as livrarias que tem essa visão e respeito pelo mercado nacional de Histórias em Quadrinhos.
Em um excelente debate, entre Mario Cau, Eduardo Ferigato, Caio Yo e Bira Dantas, tive a oportunidade de ser o mediador e falar com novos e velhos amigos sobre o atual BOOM! que os quadrinhos nacionais estão vivendo. Foi uma noite muitíssimo agradável e incrivelmente divertida. Só lamento que eventos como esse aconteçam poucas vezes na cidade, pois com a quantidade de bons artistas que moram na região, daria para a Fnac realizar uma semana inteira de encontros.
As discussões sobre mercado nacional versus mercado americano, o caminho do quadrinista, arte versus roteiro e o amor a nona arte fizeram parte do debate e agradaram a Gregos e Troianos, mas a parte mais divertida da noite é a reunião com os amigos para um lanche rápido que não importa se é em um restaurante chique e elegante ou na birosca da esquina, importa mesmo é fazer parte dessa Grande Família.
BIRA DANTAS
http://caricasdobira.blogspot.com
http://www.caricascartunescas.blogger.com.br
http://www.raBIsqueiRA.blogger.com.br
http://chargesbira.blogspot.com
Ilustrador, blogueiro, quadrinhista, chargista (Chargeonline, Sinergia, Sindae e Sindipetro), caricaturista, cartunista, gaitista nas horas vagas, professor de charge, cartum e caricatura na Pandora, tirista diario do Tatu-man (jornal Correio Popular). Membro da AQC e do Coletivo Quarto Mundo.
De novo, a Monica Marly Nassim (Gerente de Comunicação da Fnac Campinas) propiciou aos quadrinhistas campineiros um bom papo sobre nossa atividade com o publico. Cheguei atrasado, de carona com Ricardo Quintana, meu foco foi Humor (levei uma mala com uma tonelada de livros e gibis como O Tico-tico, Bicho, Grilo, Fradim, Pasquim21, 30 anos de Salão de Humor de Piracicaba, J.Carlos, Gemini 8, Uffo, Menino Vivo na Vila Cemiterio, e outros), mas não me furtei a falar de gibis de super-herois, Moebius e seu Surfista Prateado, o reaça (denunciado pelo Alan Moore) Frank Miller e seu Batman, cavaleiro das Trevas 2 (fui o unico que gostou daquela pemba) e Milo Manara e suas sedutoras X-women (em parceria com Chris Claremont). Falamos da revista Front, roteiros, AQC, WebComics, Quadrinhopole, Quarto Mundo e Quadrinho nacional, claro. Mas, puxa… ninguem tirou foto nem de celular! O grande caricaturista, amigo e parceiro de varios projetos Renato Stegun (Front, Picles) esteve presente tambem. Mas o Ricardo foi quem melhor retratou nossa chegada:
“Chegamos atrasados. O Eduardo estava respondendo a uma pergunta de alguém da plateia e eu e o Bira sentamos e esperamos. Assim que o Edu terminou, nos apresentaram e o Bira se apossou do microfone… a próxima coisa que lembro foi o cara do som dizendo que precisava desligar o equipamento. Ainda ficamos conversando com a galera que estava lá por mais uma meia hora e depois disso, saímos pra comer, o que teria sido fácil, se o Bira (ex militante político, atual Pequeno Burguês) não estivesse junto. A insistência dele em comer o lanche de picanha Fru-fru-metido-a-besta, acompanhado de cerveja de trigo bambambam-da-bala-chita estava a cima do poder aquisitivo dos outros pobres artistas. Acabamos comendo um hamburgão na praça de alimentação, junto com o povão, sob protestos do Bira… mas tudo foi muito divertido.”
Pois então, continuamos conversando depois do horario, e (como o Ricardo das Candongas falou) foi bem legal mesmo!
Gente, serio, eu sonhei com o fantastico sanduiche de picanha e a cerveja de trigo do Joe&Leo’s.
Fica pra proxima!