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PEDRO BOUÇA NO FESTIVAL DE BD, EM AMADORA, PORTUGAL

“O segundo fim de semana do festival foi bastante movimentado. http://www.facebook.com/pedro.boucapbouca@gmail.com Na quinta-feira (feriado), eu assisti o lançamento do álbum Homem de Ferro – Extremis (que inclui HQs desenhadas pelos portugueses Filipe Andrade e Nuno Plati), no qual o Filipe Andrade contou um pouco da sua experiência trabalhando na Marvel Comics. Ele também mencionou estar fazendo um projeto com o presidente da empresa de jogos Blizzard (sim, a mesma que faz World of Warcraft!). José de Freitas, responsável pela coleção em que foi publicado esse álbum, também falou um pouco sobre esta. O mais curioso foi ele contando a batalha que foi convencer tanto o jornal Público quanto a Levoir, empresa responsável pela iniciativa, a publicar o álbum Homem-Aranha – Reino (“Potestade” no Brasil). Sim, alguém fez um enorme esforço para publicar uma “obra” sobre a qual a opinião mais positiva que eu já vi até hoje foi “até que não é TÃO mau quanto todo mundo diz”! Nunca vi ninguém que tenha elogiado esse trabalho e eu próprio o considero lixo tóxico ilegível, mas aparentemente o responsável pela coleção achou que valia a pena convencer as mentes mais sãs dos responsáveis do jornal e da editora a publicar essa coisa! Por isso que eu penso que quem publica super-heróis hoje em dia tem um parafuso a menos… Enfim, depois de ter conseguido um autógrafo do Filipe Andrade (Nuno Plati não foi ao festival, infelizmente) no álbum do Homem de Ferro e um do Fernando Relvas (com a saúde visivelmente debilitada, mas ainda desenhando com a qualidade habitual) na minha cópia de L123, segui para as outras exposições na Amadora. Vale mencionar a das pinturas do Victor Mesquita (Galeria Municipal Artur Boal), na qual obtive um bonito mas um pouco magro catálogo, e a que mostrava as várias adaptações do livro Peregrinação de Fernão Mendes Pinto (no Centro Nacional de Banda Desenhada e Imagem), clássico da literatura portuguesa. Retornei no sábado para mais. Aproveitei para bater um papo com o simpático artista brasileiro Sama, que eu não tinha visto na quinta. Ele me vendeu um álbum de desenhos no qual fez uma bela capa homenageando Corto Maltese. Infelizmente eu não tinha dinheiro para comprar também o álbum A Balada de Johnny Furacão, mas isso não foi problema para ele, já que vendeu todos os exemplares disponíveis no festival de qualquer modo. Fica para a próxima. No campo social, também encontrei meu amigo José Carlos Francisco, o Zeca, maior colecionador de Tex do país (e quiçá do mundo!), em uma rara aparição no festival. Como eu já mencionei antes, essa oportunidade encontrar outros fãs e colecionadores que raramente encontro pessoalmente é sempre um dos atrativos do evento. Aproveitei o resto do dia para ver as outras atrações do festival. A exposição dedicada a Cyril Pedrosa era bastante impressionante, com uma montanha de originais do autor em exposição. Em igual situação estava a de Paulo Monteiro, vencedor do prêmio de Melhor Álbum Nacional do ano passado, que incluía um bom número de originais, mas também fazia menção às obras que inspiraram seu trabalho. A cenografia mais impressionante, porém, era a da exposição dedicada aos 50 anos do Homem-Aranha, na qual uma grande “tarântula” envolvia um raro exemplar de Amazing Fantasy 15 (primeira aparição do herói) circundado por reproduções de todas as páginas da origem do personagem (que faz parte do acervo da Biblioteca do Congresso dos EUA!). Um grande número de originais de artistas que desenharam o aracnídeo e merchandising do personagem também estavam em exposição. Mas a exposição central era dedicada ao quadrinho autobiográfico, tema do festival. Em posição de destaque estava a exposição de Justin Green, com vários originais da sua HQ Binky Brown Meets the Holy Virgin Mary, considerada a primeira HQ autobiográfica da história! Gostaria de dizer algo mais significativo a respeito da obra, mas as páginas que eu vi eram absolutamente obcecadas com bilaus. Tinha pênis pra todo lado na exposição, diga-se de passagem. Há quem diga que o quadrinho autobiográfico só olha para o próprio umbigo, mas esses pareciam olhar um pouco mais para baixo! Faço votos para que o tema do próximo ano seja mulheres nuas, com convidados especiais Manara, Terry Dodson, Giovanna Casotto… Anyway, a exposição autobiográfica pecava só por ter poucos originais e muitas reproduções. Fora o material dos autores portugueses e convidados, era quase tudo reproduções digitais. Entendo as dificuldades de se conseguir originais para exposição, mas isso acaba por ser meio frustrante. No domingo fiz as últimas compras. Além do obrigatório BD Jornal do festival (tive de o comprar porque não tinha artigo nessa edição…), adquiri também, depois de muita consideração, o álbum Peau d’Âne de Edmond Baudoin (adaptação do conto de Charles Perrault). Pesou no meu orçamento (e eu tive de deixar para comprar os Thorgal que me faltam em outra ocasião…), mas eu queria que o autor me fizesse um autógrafo. Não me arrependi! Baudoin não fez um simples autógrafo, mas uma verdadeira obra de arte no meu exemplar que foi a inveja de todos no festival! Verdadeiramente embasbacante! E detalhe que ele fez essa pintura com apenas um pincel, variando incrivelmente o traço e a densidade da tinta! Quem sabe trabalha com qualquer instrumento, como fazia a desenhista Carol Tyler, que estava literalmente desenhando com ramos de árvores (!). Coisas que só se vêem em um evento desses… Também aproveitei para assistir a muito anunciada conferência capitaneada pelo Mário Freitas, com a participação de outros editores, no qual foi anunciada a criação dos Prêmios Profissionais de BD, que tencionam ser os mais importantes galardões (eitcha!) da nona arte em Portugal. Será que conseguirão? Veremos no ano que vem, mas a iniciativa é sempre válida. Depois disso tudo, despedi-me do festival. Ele continua até o próximo fim de semana, mas no sábado eu embarco para a capital europeia dos quadrinhos, Bruxelas, para participar em mais um concurso para a União Europeia. Não poderei ver os últimos dias do festival e, em particular, o Zep, gênio dos quadrinhos que eu mais uma vez não terei o privilégio de conhecer, mas Bruxelas tem sempre atrações para quem gosta de quadrinhos, o que compensa um pouco isso. Até o próximo festival!”

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