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AQC LAMENTA E PROTESTA: O ESTADÃO PERDEU O “ÃO” (*)

CARTA ABERTA AO ESTADÃO: Lamentamos que o jornal “O Estado de S.Paulo” tenha demitido dois dos maiores caricaturistas da atualidade: Baptistão e Carlinhos Müller. Premiados nacional e internacionalmente, ambos arrastavam uma legião de profissionais, estudantes ou apreciadores da arte da Caricatura ao hábito diario de comprar e folhear o jornal.

Protestamos, pois este mesmo jornal sempre criticou a superficialidade de seu principal concorrente: a Folha de S. Paulo. Criticava a falta de senso crítico esperado por um orgão de imprensa. Senso crítico este, muitas vezes, melhor desempenhado pelos profissionais da charge e da caricatura do que por muitos editoriais (é antiga a frase: 1 imagem vale mais do que mil palavras). Apesar disso, a Folha mantém um grande número de ilustradores, chargistas, caricaturistas e tiristas (mesmo em esquema de free-lancer), já o Estadão… Esta mesma sanha demissionista fez duas vítimas na década de 90. O espaço de charge editorial antigamente ocupado pela história Hilde Weber, depois ocupado por Claudius Ceccon e Maringoni, também foi extinto pelos donos do jornal.

Protestamos porque isso acontece numa época como esta, em que vemos um maior número de publicações em Quadrinhos (de grandes e pequenas editoras); em que vemos as livrarias criarem grandes espaços dedicados a Nona Arte, incluindo livros de Charges, Animação, Cartuns e Caricatura (como o excelente História da Caricatura Brasileira de Luciano Magno – indicado ao Troféu HQmix); em que vemos eventos como Cartucho (Santa Maria-RS), FestComix, GibiCon Curitiba, ComiCon Rio, POA, Manaus, Amazônia; Gestalt dos Quadrinhos (de Marko Ajdaric); Gibitecas pululam pelo país resgatando uma história de ousadia e bravura de pioneiros como Araujo Porto-Alegre, Angelo Agostini e centenas de outros artistas gráficos.

O cartunista Érico San Juan escreveu: “ADEUS, ESTADÃO Ao contrário da maioria dos meus colegas cartunistas, especialmente os paulistanos, nunca tive o sonho, a meta, o desejo, de trabalhar para a Folha de S. Paulo. Minha maior identificação sempre foi com o Estadão. Adquiri o hábito de ler o jornal O Estado de S. Paulo no meu primeiro emprego: na redação do Jornal de Piracicaba, nos anos 90. Depois, continuei leitor e assinante. O “meu” Estadão tinha Paulo Francis, Ruy Castro, Daniel Piza. Meus perfis de artistas e crônicas, que a atividade de ilustrador e cartunista sempre deixou em segundo plano, sempre tiveram como inspirações a produção desses jornalistas. Todos cultos, coloquiais, elegantes, bem-humorados. Na ilustração e na caricatura, colecionei, a partir dos anos 90, as caricaturas gigantescas que saíam no Caderno 2. A maioria era da lavra de Eduardo Baptistão. Com o tempo, e um maior entrosamento com os colegas cartunistas, cruzei com o Bap numa das pizzadas anuais promovidas pelo Custódio Rosa. O gosto em comum pela MPB estreitou nosso contato. Baptistão homenageou os ídolos do cancioneiro nacional com uma exposição de caricaturas dedicada a eles. Exposição que tive o prazer de acompanhar ao vivo, em São Paulo, com o Spacca e o Paulo Ramos. Também fui espectador de outras atividades tendo o caricaturista como foco das atenções. Uma delas, no Salão De Humor Piracicaba, em 2012. O anúncio da saída do Bap do Estadão, feito pelo artista em seu Facebook, surpreende pela homenagem ao jornal. Uma lição de humildade, de esperança, de devoção aos colegas e ao ex-empregador. Paulo Francis e Daniel Piza se foram deste mundo. Ruy Castro mudou-se para a Folha de S.Paulo, onde não mais publica mais aqueles artigos quilomètricos sobre a cultura do século 20. E o Baptistão deixa as páginas d’O Estado de S.Paulo. Eu também: a partir de hoje, deixo de ser leitor do jornal.”

Osvaldo Pavanelli: “Quando a situação aperta, os melhores são os primeiros a serem demitidos pelos idiotas da objetividade. Ruim para quem sai, pior para quem fica.”

Cyntia Carneiro: “O Estado ficou pequeno… tá na hora de conquistar o Mundo!”.

Gilberto Maringoni: “fiquei chocado com a notícia. Esses “dirigentes” da grande mídia são uma praga. Soltam nas ruas produtos de qualidade cada vez pior – parciais, interessados e afeitos a lobbies de todo tipo – e estão destruindo a atividade jornalística. Há pouquíssimas exceções. Dispensar um talento estelar como o seu diz muito do que é o Estadão atualmente: um jornal que caminha aceleradamente para o nada. Minha solidariedade total a você, um gênio da caricatura de todos os tempos!”

Resta lamentar profundamente. E acompanhar seus trabalhos na web:

http://baptistao.zip.net http://carlinhosmuller.blogspot.com.br (*) Escrito no Facebook.

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