TRANSFORMANDO-SE A CADA ANO
Por Alexandre Silva (*)
“Chegamos ao 34o Troféu Angelo Agostini. Para nós da AQC, olhar para trás e ver o que já fizemos nos dá um baita orgulho. Entre erros e acertos, críticas e louvores, o AA está aí a 34 anos, incentivando, mapeando e promovendo nossos artistas e nossos quadrinhos. A ideia inicial que era apenas premiar os artistas com pelo menos 25 anos ou mais de trabalho na área, os consagrando como Mestres, ainda é mantida, porém desdobrou-se ao longo dos anos em várias categorias disputadas de norte a sul do País.
Premiar um cartunista do Ceará, um fanzine do Rio Grande do Sul, um desenhista de Goiânia ou da Bahia, só afirma o alcance que o AA tem e cumpre o seu propósito de mapear todo o Brasil, consagrando muitas vezes trabalhos que ás vezes nem chegam nas grandes capitais, como São Paulo, por exemplo. O voto aberto pela internet e as campanhas, são válidas, sendo assim o mais democrático possível, porém mesmo assim somos criticados. Aceitamos, recuamos, repensamos, e após um período conturbado, ressurgimos, mais precisamente a partir de 2013, de equipe nova e casa nova também, pois o Memorial da América Latina nos abriu as portas para uma nova era, a era da renovação do Troféu Angelo Agostini!
A partir daí, introduzimos a cada ano, uma exposição, que foi se renovando também e juntando-se ao propósito do Memorial de unir todos os povos, transformou-se em um painel da nona arte em outros países. Já passaram pelo AA, exposições do Congo, Argentina e Paraguai, sempre com a curadoria e a presença de um grande artista de cada país como convidado especial.
Neste ano, temos o orgulho de trazer o melhor dos quadrinhos uruguaios, através do trabalho do talentoso quadrinhista Diego Jourdan, junto com mais uma exposição chamada “Bandas Educativas”, dos colegas Alejandro Rodriguez Juele e Nicolás Peruzzo.
Outra novidade foi a ampliação de um momento no evento, que nos orgulha muito, que é o “In Memoriam”, a justa homenagem aos artistas falecidos. Em 2017, perdemos Toninho Mendes, Álvaro de Moya, Douglas Quinta Reis e mais recentemente Luis Augusto Correa, autor de Fala,menino! Durante o ano coletamos informações sobre os artistas da área falecidos em todo canto do nosso Brasil. Buscamos informações, fotos, biografias e um pouco antes de começar a premiação, ao som da gaita do nosso grande Bira Dantas, projetamos seus trabalhos, falamos sobre cada um e os saldamos com muitas palmas, em uma última homenagem, ou até ás vezes sendo a única homenagem que o artista teve em toda a sua carreira. Coisas de um Brasil sem memória. Mas para nós não. Essa é a marca e a obrigação do Troféu Angelo Agostini. Daí a importância de premiações como a nossa e também nossa co-irmã HQ Mix.
A categoria de Mestres, a mais importante do evento, ampliou-se também para uma pesquisa minuciosa, buscando artistas mais antigos, ou que trabalham ou trabalharam em grandes estúdios, sendo assim distantes da mídia, porém nunca esquecidos.
No ano passado tivemos a honra de premiar os artistas Sérgio Graciano e Sidnei Salustre, veteranos dos Estúdios Mauricio de Sousa, que só haviam sido homenageados internamente.
A publicação deste jornal também foi outra novidade introduzida nessa nova fase. Circulando no dia do evento e posteriormente distribuído em gibitecas e centros culturais, apresenta textos e fotos dos premiados e seus trabalhos, tornando-se um registro do evento a cada ano. Para ler e guardar.
Assim, caminhamos para o 35o ano em 2019, com o apoio cada vez maior da classe quadrinhística, e também com as críticas que sempre nos acompanham, mas que fazem nós termos uma única certeza: estamos no caminho certo!
Muita coisa boa ainda vem por aí!
Parabéns a todos os ganhadores e muito obrigado ao público presente.
A festa é de vocês!”
(*) membro da AQC e um dos organizadores do Troféu AA