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AQC ENTREVISTA: MARIA DA PAZ (*) SOBRE HENFIL

Esta série de entrevistas é uma iniciativa da AQC em apoio ao livro “Sick da Vida”, coletânea de entrevistas do cartunista Henfil organizadas pelo quadrinhista, jornalista, escritor e biógrafo Gonçalo Silva Jr. O livro foi lançado na plataforma Catarse pela Editora Noir. Por isso, pedimos que você apoie, compartilhe e comente. https://www.catarse.me/henfil

1. Como você conheceu o trabalho do Henfil?

Conheci na grande mídia e comentado pelos profissionais do setor de imprensa do Sindicato dos Químicos de SP e companheiros da diretoria. A partir daí comecei admirar o jeito peculiar de se revoltar contra o autoritarismo, Adorava, em especial, a Graúna. Pra mim era a personagem que mais me revelava a firmeza de continuar a luta incansável.

2. Qual foi o impacto inicial?

De saber que um profissional daquele, no auge de sua carreira, se dedicava praticamente à linha de frente em defesa de uma sociedade. Trabalhando na intenção de organizar um povo através de seus traços.

3. O que chamou mais atenção o humor escrito, as gags visuais ou o traço?

O que mais me chamou atenção foram os traços. No meu entendimento quando uma história se mostra através de um desenho, ela se torna mais marcante, pois o artista se transporta de corpo e alma e se faz entender muito mais.

4. Seu trabalho teve influência direta? Se teve, em que sentido?

A influência dele no meu trabalho foi de absorver as determinações, a coragem de lutar por um objetivo. Aprendi que não se pode fraquejar diante de um obstáculo, mesmo que ele nos assuste.

5. Qual foi a impacto dos Quadrinhos e Charges do Henfil na Imprensa Sindical? E na esquerda?

Como disse, o pessoal que fazia o Sindiluta (jornalistas e chargistas) mostrava e comentava os Quadrinhos do Henfil. Eles produziam um boletim diário que tinha 15.000 exemplares diários distribuídos nas fábricas químicas e farmacêuticas do departamento de imprensa do Sindicato, sempre com charges e o personagens Chico Ácido e Maria dos Remédios. Ahhh, e pelos companheiros da diretoria também.

6. Acompanhava as entrevistas do Henfil na Imprensa?

Não lembro de uma entrevista em especial.

7. O que achou da iniciativa da Editora Noir em reunir estas entrevistas em um livro? Que efeito acha que este livro terá em você e nos demais leitores?

A iniciativa da Editora Noir foi uma decisão acertadissima, corajosa. Pois, diante da confusão que vivemos nos dias de hoje com desinformacões absurdas, precisamos ter um norte. E quem não viveu a época do Henfil e das sua -nossa- Graúna, terá a oportunidade de saber como foi uma parte dessa história de luta e resistência.

8. Pra você, qual é o tamanho da falta que Henfil faz?

A falta que o Henfil faz é exatamente do tamanho dele. Com idéias que foram abraçadas por quem precisava seguir a lógica daquele momento.

9. As novas gerações conhecem pouco do trabalho do Henfil e ainda é pouco compartilhado nas redes. O que fazer pra melhorar isso? O livro organizado pelo Gonçalo Jr pode ajudar?

Pode ajudar sim, no sentido de mostrar para a sociedade o que esta é uma luta de classe esquecida por muitos. Pois diante do que estamos presenciando, é preciso voltar a conscientizar as pessoas com um trabalho incansável. Incansável! Exposições me parecem o ideal, acompanhadas de rede social. Me veio à mente, o trabalho de porta de fábrica que fazíamos. Hebfil precisa voltar às portas de fábricas.😊

10. O Brasil hoje está ‘sick da vida’ com tantos ataques à democracia, à inclusão social, racial e de gênero, à distribuição de renda? Ou a coisa precisa piorar mais pro povo reagir?

O grande problema de uma sociedade é esperar acontecer o pior para entender o que acontece ao seu redor. O comodismo de uma sociedade muitas vezes traz sérias consequências.

11. Henfil foi um dos fundadores do PT, que se propunha a transformar radicalmente a sociedade. Esta décima terceira pergunta é o espaço pra suas considerações, não finais, mas futuristas. É possível ainda transformar o país de forma radical? O humor entra nisso?

A fundação do PT foi uma necessidade fundamental naquele momento pra sociedade. Ainda mais contando com uma mente transformadora de idéias como Henfil. Iniciei na luta sindical através de contato com companheiros Nilza, Domingos Galante, Zé Domingos e Margarida… Não tive dúvidas ao receber o convite para participar das reuniões da Chapa 2 de Oposição dos Químicos SP. A partir dali, fui trabalhando o meu consciente para adquirir mais conhecimento, pois os meus companheiros precisavam de apoio. O que mais me encantou foi a participação das mulheres naquela diretoria. Seis mulheres dando suporte na luta daquela categoria. Aprendi, participando daquela diretoria, o suficiente para não aceitar certos tipos de imposições. Uma sociedade não pode aceitar o autoritarismo. Já passamos por isso lá atrás na Ditadura. Estamos em outros tempos, mas a luta continua e não é nem um pouco diferente. Estamos às margens do absurdo, com pessoas desprovidas de conteúdo, a celebrar os fins dos direitos dos trabalhadores, tentando escravizar ainda mais este povo sofrido. Não permitiremos, CHEGA!! Estamos com a Graúna!

(*) CONTATO COM MARIA DA PAZ

https://www.instagram.com/dapazze4/

Maria da Paz foi membro da Cipa na indústria Farmacêutica Laffi. Diretora do Sindicato dos Químicos e Farmacêuticos de SP por várias gestões, se aposentou e mudou para São Luiz, no Maranhão. Continua na luta por um Brasil melhor.

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