Esta série de entrevistas é uma iniciativa da AQC em apoio ao livro “Sick da Vida”, coletânea de entrevistas do cartunista Henfil organizadas pelo quadrinhista, jornalista, escritor e biógrafo Gonçalo Silva Jr. O livro foi lançado na plataforma Catarse pela Editora Noir. Por isso, pedimos que você apoie, compartilhe e comente. https://www.catarse.me/henfil
1. Como você conheceu o trabalho do Henfil?
Conheci primeiro o próprio Henfil, junto com a turma do Pasquim.
2. Qual foi o impacto inicial?
Sobre o trabalho dele? Encantamento, admiração, aquela sensação de: “Gente! É isso aí!”
3. Como o conheceu pessoalmente?
Conheci o Henfil já no Pasquim, onde publiquei algumas dicas, e uma ou duas pequenas matérias. Ziraldo me apresentou o irmão, o Zélio, com quem namorei e casei, e estamos assim casados há 57 anos numa parceria gostosa. Mudamos para SP em meados dos anos 60, quando procurei o Mino Carta no Estadão, com minhas tiras debaixo do braço. Ele gostou, mas não comprou: e me encaminhou para o Claudio Abramo, na Folha de São Paulo, que, sim, gostou e comprou minhas tiras do Pato, pra minha grande alegria…
4. O que chamou mais atenção o humor escrito, as gags visuais ou o traço?
As gags, o traço, o quanto tudo era certeiro, o humor malvado, a ternura escondidinha, o olhar crítico.
5. Qual foi a impacto dos Quadrinhos e Charges do Henfil na Imprensa Sindical? E na esquerda?
Na Imprensa Sindical, não sei, mas imagino que tenha sido total. Na esquerda assim em geral, não sei dizer, mas na esquerda no meio da qual eu vivia naquela época, Henfil era aquele gênio que indicava os caminhos fazendo rir, pensar e agir!
6. Acompanhava as entrevistas do Henfil na Imprensa?
Todas!
7. O que achou da iniciativa da Editora Noir em reunir estas entrevistas em um livro? Que efeito acha que este livro terá em você e nos demais leitores?
Acho importantissima essa iniciativa. Principalmente nesta época esquisita que estamos atravessando. Fora, é claro, o prazer de reler Henfil.
8. Pra você, qual é o tamanho da falta que Henfil faz?
Uma falta enorme, imensa. Como pessoa, artista, crítico, revolucionário, humorista, cartunista, escritor, filósofo, etcetcetc… E como amigo. Amigo querido.
9. As novas gerações conhecem pouco do trabalho do Henfil e ainda é pouco compartilhado nas redes. O que fazer pra melhorar isso? O livro organizado pelo Gonçalo Jr pode ajudar?
As novas gerações, ligadissimas nas redes, realmente conhecem pouco do trabalho dele. Fico pensando se um “Instituto Henfil” virtual além do que existe, não seria uma maneira de divulgar essa obra fundamental…
10. Como Henfil estaria reagindo à sanha fascista, totalitária e anti-democrática que abocanhou os três poderes?
Acho que ele estaria à toda, produzindo as mais geniais gozações e, acredito, mais personagens imortais no combate à invasão fascista.
11. Henfil foi um dos fundadores do PT, que se propunha a transformar radicalmente a sociedade. Esta décima terceira pergunta é o espaço pra suas considerações, não finais, mas futuristas. É possível ainda transformar o país de forma radical? O humor entra nisso?
Sem dúvida, o humor é totalmente transformador. Não há monstro imune ao ridículo… e não existem armas que acabem com uma boa piada, uma charge certeira, um Fradinho, uma Graúna…
(*) CONTATO COM CIÇA PINTO
https://www.facebook.com/cissapinto
Cecilia Whitaker Vicente de Azevedo nasceu em SP, morou no Rio dos 13 aos 17. Entrou para a AMES (politica estudantil para quem ainda estava no ginásio). Publicou alguns desenhos na revista O Cruzeiro e alguns contos na A Cigarra. Conheceu Ziraldo, Millôr e varios outros cartunistas através dessas revistas, e eventualmente publicou seus primeiros quadrinhos no suplemento “O Sol” do Jornal dos Esportes. Na Folha Ilustrada publicou por mais de 20 anos, uma aventura! Publicou também, mais tarde, no Jornal do Brasil e no Correio da Manhã no Rio de Janeiro. Algumas publicações em jornais sindicais e revistas de humor como a Crás e outras. Publicou também na Inglaterra e na Africa do Sul. Alem do Pato, as Formigas, etc, também criou outros personagens como Bel (para o suplemento feminino da Folha) e Bia Sabiá, que era sua personagem feminista querida. Suas tiras foram publicadas em dois livros pela Editora Pasquim (O Pato e O Pato no Formigueiro), um livro pela Circo (Pagando o Pato) e um pocket pela Editora LPM.