Esta série de entrevistas é uma iniciativa da AQC em apoio ao livro “Sick da Vida”, coletânea de entrevistas do cartunista Henfil organizadas pelo quadrinhista, jornalista, escritor e biógrafo Gonçalo Silva Jr. O livro foi lançado na plataforma Catarse pela Editora Noir. Por isso, pedimos que você apoie, compartilhe e comente. https://www.catarse.me/henfil
1. Como você conheceu o trabalho do Henfil?
Conheci o trabalho do Henfil no Pasquim quando comprei o primeiro número em 1969.
2. Qual foi o impacto inicial?
Fiquei impressionado com a irreverência e a boa molecagem do texto; a agilidade e economia do desenho.
3. O que chamou mais atenção: o humor escrito, as gags visuais ou o traço?
O humor escrito.
4. Seu trabalho teve influência direta? Se teve, em que sentido?
Não tive grande influência, porque sempre fiz desenhos mais demorados, com esboço muito estudado e execução lenta.
5. Qual foi a impacto dos Quadrinhos e Charges do Henfil na Imprensa alternativa?
A militância e o engajamento do Henfil nas pautas de esquerda sempre nos impressionou e nos impulsionou nessa coisa de fazer do desenho de humor uma arma. Éramos unânimes em admirar esse comprometimento corajoso do artista.
6. O que achou da iniciativa da Editora Noir em reunir estas entrevistas em um livro? Que efeito acha que este livro terá em você e nos demais leitores?
Ótimo resgatar tudo sobre Henfil. Acho que terei muito prazer em rever literariamente o amigo Henfil.
7. Henfil era um profissional multimídia, atuando na TV e no Cinema. O que achou das produções do cartunista em TV Homem e Tanga, deu no New York Times?
Admirava muito sua atuação na TV, sempre tinha ideias surprendentes nos comentários e boas encenações, acho que ele se deu bem no meio eletrônico visual. Infelizmente nunca assisti por inteiro o filme dele.
8. Pra você, qual é o tamanho da falta que Henfil faz?
Imensa é a falta de um cara que tenha relevância na mídia e possa botar a boca no trombone em tempos de explícito fascismo.
9. As novas gerações conhecem pouco do trabalho do Henfil e ainda é pouco compartilhado nas redes. O que fazer pra melhorar isso? O livro organizado pelo Gonçalo Jr pode ajudar?
Claro que temos que amplificar e divulgar os desenhos -até hoje- atuais dele. Esse livro da Editora Noir é muito oportuno. Num período de neo-fascismo e mediocridade, gente com essa índole inconformista e revolucionária é imprescindível.
10. O Brasil hoje está ‘sick da vida’ com tantos ataques à democracia, à inclusão social, racial e de gênero, à distribuição de renda?
Parece, pelas pesquisas com Lula, que já começa a haver um início de reação, embora eu ache que a classe média e a classe média-baixa estejam impregnados de postura fascista.
11. Como Henfil estaria reagindo à sanha fascista, totalitária e anti-democrática que abocanhou os três poderes?
Lógico que Henfil hoje estaria super ativo, produzindo muitíssimo na internet.
12. Henfil foi um dos fundadores do PT, que se propunha a transformar radicalmente a sociedade. Esta décima terceira pergunta é o espaço pra suas considerações, não finais, mas futuristas. É possível ainda transformar o país de forma radical? O humor entra nisso?
Se um novo governo de esquerda (ou pelo menos social democrata) investir profundo na educação política do povão é possível a longo prazo criar uma sociedade mais igualitária. Claro que o Humor Gráfico é peça importante nisso.
CONTATO COM SANTIAGO
https://www.facebook.com/santiagocartunista Neltair Rebés Abreu conhecido como Santiago, é caricaturista e cartunista. Trabalhou como desenhista técnico na indústria de Porto Alegre. Ingressou na Faculdade de Arquitetura, onde ganhou o apelido de “Santiago”, que terminou adotando como pseudônimo nos jornais estudantis, para fugir da censura política vigente naqueles anos. Cursou também Belas Artes e Jornalismo na UFRGS. Publicou pela primeira vez no suplemento humorístico O Quadrão, do jornal Folha da Manhã. Começou a trabalhar profissionalmente na Folha da Tarde, onde fez por nove anos a charge editorial do jornal, até o seu fechamento. Colaborou ainda para o Correio do Povo, Coojornal, Pasquim e para O Estado de S. Paulo. É autor de seis livros. Premiações https://pt.wikipedia.org/wiki/Santiago_(cartunista)