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AQC entrevista: Carol Cospe Fogo sobre Henfil

Esta série de entrevistas é uma iniciativa da AQC em apoio ao livro “Sick da Vida”, coletânea de entrevistas do cartunista Henfil organizadas pelo quadrinhista, jornalista, escritor e biógrafo Gonçalo Silva Jr. O livro foi lançado na plataforma Catarse pela Editora Noir. Por isso, pedimos que você apoie, compartilhe e comente. https://www.catarse.me/henfil

1. Como você conheceu o trabalho do Henfil?

Minha primeira lembrança do trabalho do Henfil vem de uma fachada de escola em Belo Horizonte que tinha seu nome. Eu ainda criança olhei aquele desenho e imediatamente me apaixonei. Era forte e intrigante pra mim.

2. Qual foi o impacto inicial?

Era incrível ver o quão solto o traço parecia. Quase despretensioso. Forte!

3. O que chamou mais atenção o humor escrito, as gags visuais ou o traço?

O traço e o “papo reto”, como dizem. Certeiro e objetivo.

4. Seu trabalho teve influência direta? Se teve, em que sentido?

Teve e tem influência. Quando vejo colegas falando de sua personalidade, me sinto ainda mais atraída por seu trabalho!

5. Qual foi a impacto dos Quadrinhos e Charges do Henfil na Imprensa Sindical?

O trabalho do Henfil é militante. É defensor do trabalhador.

6. Acompanhava as entrevistas do Henfil na Imprensa?

Penso que a fala e o traço do Henfil funcionavam como diretrizes. A mensagem sempre clara.

7. O que achou da iniciativa da Editora Noir em reunir estas entrevistas em um livro? Que efeito acha que este livro terá em você e nos demais leitores?

Será incrível. Teremos novamente a chance de saber a perspectiva do Henfil nesses temas que andam nos assombrando atualmente.

8. Henfil era um profissional multimídia, atuando na TV e no Cinema. O que achou das produções do cartunista em TV Home e Tanga, deu no New York Times?

Não conheci ainda essas duas produções, infelizmente. Mas com a gana e desenvoltura em se adaptar e circular em outros universos que Henfil demonstrava, teria vasto caminho em tempos atuais, repletos de diversidade de mídia.

9. Pra você, qual é o tamanho da falta que Henfil faz?

Lamento não termos agora uma pessoa tão criativa, ousada e ácida combatendo tantas mazelas políticas e sociais.

10. As novas gerações conhecem pouco do trabalho do Henfil. Apesar de uma exposição de originais no Centro Cultural Banco do Brasil (2005) no Rio e em SP ter tido público recorde na época, o trabalho dele ainda é pouco compartilhado nas redes. O que fazer pra melhorar isso? O livro organizado pelo Gonçalo Jr pode ajudar?

O legado de Henfil é sentido mesmo por aqueles que não conheceram muito seu trabalho. A porta que Henfil ajudou a desenhar é caminho aberto para vários hoje. Inclusive eu. Esse livro é uma grande iniciativa, e certamente nos devolverá o pensamento crítico de Henfil.

11. O Brasil hoje está ‘sick da vida’ com tantos ataques à democracia, à inclusão social, racial e de gênero, à distribuição de renda. Como seria ter Henfil conosco nos dias de hoje?

Acredito que Henfil estaria liderando movimentos de resistência. Seria um grande agente diluidor dessa cortina constante de fumaça que atrapalha e divide nossa sociedade.

12. Como Henfil estaria reagindo à sanha fascista, totalitária e anti-democrática que abocanhou os três poderes?

Com acidez. Provavelmente teriam tentado enquadrá-lo na Lei de Segurança Nacional.

13. Henfil foi um dos fundadores do PT, que se propunha a transformar radicalmente a sociedade. Esta décima terceira pergunta é o espaço pra suas considerações, não finais, mas futuristas. É possível ainda transformar o país de forma radical?

O PT que Henfil ajudou a criar acabou se moldando à política dos demais partidos. Sinto que se ainda estivesse por aqui, Henfil tentaria manter o perfil do partido mais ligado aos seus ideais. O radicalismo não é bom em nenhum aspecto. Para mim, o cidadão precisa entender que não basta a tal empatia. Pois normalizou-se que ser empático é simplesmente se colocar em posição superior e ver o outro com compaixão passiva, sem atitude. O que precisamos é RECONHECIMENTO. Precisamos nos reconhecer como iguais.

CONTATO COM CAROL ANDRADE

Carol Andrade é mineira de Belo Horizonte e tem 38 anos. É diretora de arte e ilustradora. Usa o nome ‘Carol Cospe Fogo’, apelido que ganhou pela maneira ácida que retrata o cotidiano. O desenvolvimento do seu trabalho e construção do pensamento vem de um perfil de muita observação e curiosidade. Há 6 anos vive no Rio de Janeiro e se dedica às charges com temas socais e políticas. É a primeira mulher a receber o prêmio Angelo Agostini como melhor cartunista/caricaturista do Brasil em 2019.

Instagram https://www.instagram.com/carolcospefogo/

Twitter: @carolcospefogo

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